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Piores ataques israelenses na Cisjordânia em 20 anos matam ao menos 8 palestinos

País de Netanyahu usou drones e milhares de soldados em sua ofensiva no território ocupado, acirrando mais a escalada de violência na região

Palestinos correm nos confrontos causados pela incursão israelense na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, em 3 de junho de 2023

 (AFP/AFP)

Palestinos correm nos confrontos causados pela incursão israelense na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, em 3 de junho de 2023 (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 3 de julho de 2023 às 10h59.

Última atualização em 3 de julho de 2023 às 11h02.

Israel lançou na madrugada desta segunda-feira seus piores ataques contra o território ocupado da Cisjordânia em quase duas décadas, com bombardeios aéreos e cerca de mil soldados que já deixaram ao menos oito palestinos mortos. Após semanas de pressão do setor radical do governo mais de direita da História israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou a operação com prazo indefinido contra o campo de refugiados de Jenin, aprofundando uma escalada de violência que desperta preocupação internacional.

Os bombardeios aéreos, algo que não acontecia desde o fim da Segunda Intifada em 2005, começaram primeiro, por volta de 1h (19h de domingo no Brasil) seguidos de avanços por terra com soldados, tanques e blindados — algo que os israelenses chamaram de "esforço extensivo antiterrorismo". O Ministério da Saúde palestino já conta ao menos oito mortos, todos eles entre 16 e 23 anos.

Há ainda uma nona vítima fatal, um jovem de 21 anos, que morreu após um disparo das forças israelenses durante um protesto em Ramallah. Em Jenin, as autoridades dizem que há ao menos 50 pessoas feridas, 10 delas em estado crítico, mas as ambulâncias têm dificuldade para chegar até as vítimas diante do aparato de segurança lançado por Netanyahu contra a região ocupada desde 1967.

Os israelenses afirmam ter "neutralizado três terroristas", alvo de ataques específicos com drones no campo de Jenin, lar de aproximadamente 18 mil pessoas e disparado contra o que chamaram de "centro de comando operacional" dos combatentes. Cercado por vários prédios usados pelo braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados palestinos, o local era o suposto quartel-general de planejamento, armazenamento de armas e comunicações do movimento armado.

Criado há 70 anos para abrigar refugiados palestinos após a criação do Estado de Israel em 1948 e a guerra por ela despertada, Jenin é um dos bastiões da resistência armada palestina, berço de uma nova geração de combatentes articulada de forma mais horizontal. É também lar de centenas integrantes dos grupos paramilitares mais tradicionais, como o Hamas, a Jihad Islâmica e o Fatah, que possuem armas poderosas e numerosos artefatos explosivos.

Autoridades locais disseram nesta segunda que, junto aos ataques, a distribuição de água para a região também foi interrompida. Parece não haver tanques dentro do campo de refugiados, mas estão do lado de fora. Os israelenses afirmam também terem confiscado um lança-foguetes improvisado e destruído uma instalação de produção e armazenamento de armas.

Em 2022, forças israelenses mataram mais de 170 palestinos nos territórios ocupados da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, o ano mais letal desde 2006. Até maio deste ano, os mortos já eram 156, despertando indagações de alguns especialistas se havia uma nova Intifada em curso — tensões que pioraram com a volta de Netanyahu ao poder em dezembro após um interregno de 18 meses.

"Iremos continuar pelo tempo que for necessário, não há prazo por enquanto", disse Richard Hecht, porta-voz internacional do Exército israelense, que classificou a operação como um "amplo esforço antiterrorista" e disse que há de mil a 2 mil soldados em campo. — O campo se tornou um vespeiro de terroristas.

Um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, chamou a operação de um "novo crime contra nosso povo indefeso". Sua Chancelaria, em paralelo, pediu por meio de um comunicado "intervenção internacional e americana urgente para deter a agressão" israelense, condenando-a nos "termos mais energéticos". As repercussões do ataque, completou o órgão, são responsabilidade "total e direta" do governo israelense.

'Tudo sobre a mesa'

Ainda não está claro se haverá uma resposta mais ampla dos grupos paramilitares palestinos, em particular do Hamas, movimento político e militar que controla desde 2007 a Faixa de Gaza. Ismail Haniyeh, chefe do escritório político do grupo, convocou os habitantes da Cisjordânia a "defenderem Jenin e protegerem seus moradores dos inimigos":

"O sangue derramado na cidade decidirá a próxima fase em todas as direções e em todos os eixos", afirmou.

A Jihad Islâmica, grupo por trás das hostilidades com o governo de Israel que deixaram 44 mortos em agosto do ano passado, disse que os ataques israelenses "não atingirão seu objetivo" e que "todas as opções estão sobre a mesa" para uma resposta. A cidade, completou a facção em um comunicado, "continuará a ser o símbolo da batalha e resistirá à ocupação".

— O que está acontecendo em Jenin é um massacre contra o povo palestino. As forçås de resistência (...) farão tudo ao seu poder para pôr fim [a isso] — disse o secretário-geral do grupo, Ziad al-Nakhalah, segundo o jornal Haaretz.

O governo egípcio disse que condena a operação militar em Jenin, classificando-a como uma violação da lei internacional. A Organização da Cooperação Islâmica, que reúne 57 países (48 deles de maioria muçulmana), afirmou se tratar de um "crime hediondo" que é "extensão dos crimes e terrorismo estatal realizado pela ocupação israelense contra o povo palestino".

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