Mundo

Pinochet segue ganhando críticos no Chile 40 anos após golpe

Segundo pesquisa, 76% dos consultados coloca Pinochet na categoria de "ditador", um crescimento de 10% em relação a 2006


	Augusto Pinochet: no entanto, 9% defendem o ex-líder como "bom governante"
 (David Lillo/AFP)

Augusto Pinochet: no entanto, 9% defendem o ex-líder como "bom governante" (David Lillo/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2013 às 06h52.

Santiago do Chile - Há 40 anos do golpe de Estado e há sete de sua morte, a figura de Augusto Pinochet ganha críticos no Chile e se aprofunda o abismo entre aqueles que o definem como o salvador da pátria e os que o repudiam como ditador.

Segundo a última pesquisa do Centro de Estudos da Realidade Contemporânea, 76% dos consultados coloca Pinochet na categoria de "ditador", frente aos 9% que o vêem como um "bom governante".

Os números que qualificam Pinochet como ditador cresceram 10% com relação à medição realizada em 2006, e se concentram em idades entre 26 e 40 anos.

Nessa mesma linha, os jovens de entre 18 e 25 anos mantêm a tendência, apesar de elevarem a porcentagem dos que não sabem ou não responderam à pergunta.

O ex-líder estudantil e hoje candidato a deputado Giorgio Jackson concorda com os números, dizendo que os jovens "assumem que Pinochet é um vilão na história do Chile e cada vez há menos matizes, mas também há um grande setor que prefere não se envolver com a política", disse à Agência Efe.

Nos últimos tempos, os pedidos de perdão por conta da ditadura se multiplicaram, seja na Associação de Magistrados do Chile ou na Suprema Corte, e até entre diversas personalidades políticas, incluindo o presidente Sebastian Piñera.

"Poderíamos ter feito mais", disse na segunda-feira o líder em um ato oficial por conta dos 40 anos do golpe.

"Não podemos permitir que as velhas gerações passem para as novas gerações suas divisões, seus ódios e seus enfrentamentos", enfatizou.

A também candidata da direita à presidência, Evelyn Matthei, disse através de sua conta no Twitter que é preciso "ensinar nossos filhos e netos a ter coragem de denunciar sempre o que for inaceitável", fazendo referência ao uso da violência para alcançar o poder e as violações dos direitos humanos.

No lado oposto, o deputado Ivan Moreira, membro da direitista União Democrata Independente (UDI), disse à televisão pública que "Pinochet salvou a vida de toda uma geração".

Já o vice-presidente da Fundação Presidente Pinochet, o general reformado Guillermo Garín, assegurou à publicação que "o que acontece" é que apenas quando a geração que participou dos governos de Allende e Pinochet tiver uma "vida melhor", o Chile deixará para trás o dia 11 de setembro de 1973, a data do golpe.

No entanto, o ex-secretário-executivo da Federação de Estudantes da Universidad de Chile (FECH) Juan Pedro Lührs, simpatizante da UDI, comentou que os jovens de centro-direita também querem se desvencilhar de Pinochet.

"Pinochet cooptou um pensamento que promove as liberdades individuais, que promove as liberdades econômicas, mas o tingiu com uma ditadura; por isso, para transferência geracional foi muito difícil tirá-lo", comentou Lührs.

O ex-presidente da FECH e atual candidato a deputado Gabriel Boric opinou que "a herança de Pinochet foi um legado de morte e violência, mas também de privatização dos direitos dos estudantes".

O atual presidente da FECH, Andrés Fielbaum, em conversa com a Agência Efe, qualificou Pinochet como "um assassino, um torturador e o principal responsável de terríveis crimes aos direitos humanos".

O líder estudantil vê no ditador o principal responsável pelo problema que hoje em dia mais preocupam as novas gerações de chilenos: a educação.

""E vai cair, e vai cair, a educação de Pinochet". Todos os que participaram de alguma manifestação estudantil cantaram esse lema com convicção. É o grito mais repetido pelos jovens hoje dia no Chile", concluiu. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaChileDitadura

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições