Piloto Nadia Savchenko durante julgamento: a piloto de helicóptero, que pode pegar até 25 anos de prisão, é acusada de ter fornecido a localização dos jornalistas russos aos militares ucranianos (Reuters / Sergey Pivovarov)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2015 às 11h23.
A piloto militar ucraniana Nadia Savchenko afirmou nesta terça-feira que foi "vendida para os russos" pelos separatistas do leste da Ucrânia, durante uma audiência de seu julgamento na Rússia pelo assassinato de dois jornalistas russos.
"Eu sou uma prisioneira de guerra e refém, que foi sequestrada" e "vendida para os russos" pelos separatistas, insistiu no tribunal, no segundo dia de audiência de um julgamento iniciado em 22 de setembro.
"Eu não entendo o que representa este tribunal na Rússia. Onde estão a lei e a justiça? Por que eu devo dizer alguma coisa?", declarou a piloto, presa em uma gaiola, de acordo com a prática na Rússia.
Acusada de assassinato premeditado em junho de 2014 de dois jornalistas russos mortos por disparos de morteiro no leste da Ucrânia, a piloto de helicóptero, que pode pegar até 25 anos de prisão, é acusada pelos investigadores de ter fornecido a localização dos jornalistas aos militares ucranianos.
"Eu era piloto de helicóptero, temos cursos de matemática e cálculo para as manobras, etc. Para ser ponteira de artilharia com um helicóptero, deve haver outros cursos específicos. Eu não tive esse tipo de formação", garantiu.
"Eu não sei dirigir um tiro de artilharia", assegurou, acrescentando que foi "interrogada sob a ameaça de uma arma".
Enquanto também é acusada de cruzar ilegalmente a fronteira russa, a piloto disse que foi levada contra sua vontade para a Rússia pelos rebeldes.
O julgamento da piloto, o primeiro na Rússia de um militar ucraniano, ocorre paralelamente ao julgamento por Kiev de dois supostos soldados russos acusados de lutar contra o exército ucraniano.
Moscou e Kiev se acusam mutuamente de politizar este julgamento. Já conhecida na Ucrânia por sua reputação de soldado experiente, Nadia Savchenko ficou famosa depois de sua prisão em julho de 2014 pelas autoridades russas, seguida por uma longa greve de fome e publicação de um livro escrito na prisão.
Sua popularidade fez com que fosse eleita simbolicamente deputada na Ucrânia, em outubro.
Kiev, Bruxelas e Washington exigem a sua libertação.
Em agosto, o cineasta ucraniano Oleg Sentsov foi condenado a 20 anos de prisão pela justiça russa por "terrorismo" depois de um julgamento denunciado por Kiev e ocidentais.