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Petrobras está virando uma PDVSA, diz Adriano Pires

Segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), preço do barril de petróleo agradou, e muito, ao governo, mas frustrou acionistas minoritários

Plataforma petrolífera P-52 no campo de Roncador, da Bacia de Campos (.)

Plataforma petrolífera P-52 no campo de Roncador, da Bacia de Campos (.)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

São Paulo - Na avaliação do especialista em mercado energético Adriano Pires, o governo brasileiro "conseguiu o que queria" com o preço médio do barril de petróleo do pré-sal, revelado na noite de ontem, a 8,51 dólares. Já a Petrobras teria "arranhado sua imagem" diante dos acionistas minoritários, que esperavam um valor mais baixo.

Com isso, a cessão onerosa dos 5 bilhões de barris do pré-sal à estatal totalizará US$ 42,533 bilhões. "No final das contas, o governo brasileiro conseguiu o que queria, capitalizar a Petrobras, aumentando a disponibilidade de dinheiro na estatal, e elevar sua participação acionária na empresa", afirma o economista.

Mas esse intuito teria sido alcançado às custas de forte interferência política em um processo considerado por muito acionistas minoritários de pouca transparência, diz Adriano.

Para avaliar o valor do barril do pré-sal, foram contratadas duas certificadoras - uma pela Petrobras e outra pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A primeira avaliou o barril entre cinco e seis dólares, enquanto a certificadora do governo fechou entre 10 e 12 dólares. Com uma diferença de quase 100% entre as duas avaliações, o caminho mais adequado para resolver o impasse, segundo especialista, teria sido o de contratar uma terceira certificadora.

Mas não foi isso o que aconteceu. "A solução adotada foi fazer a média entre os dois preços, que resultou num valor que agradou o principal acionista da estatal [o governo] e contrariou as expectativas dos minoritários".

Quanto maior fosse o valor do barril de petróleo, mais ações o governo brasileiro poderia comprar para expandir sua participação na estatal. Apesar de ter gerado críticas, esta transação constitui um artifício legal que permite ao Estado brasileiro acompanhar o aumento de capital de que a petrolífera necessita para proceder a um plano de investimento.

Na avaliação do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), com a participação expressiva do governo brasileiro na sociedade de acionistas, a Petrobras estaria rumando para transformar-se numa gigante PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A.). A estatal venezuelana, considerada a segunda a maior petrolífera do mundo, atrás apenas da Exxon-Mobil, mantém estrita relação com a política daquele país.

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