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Pessoas protestam contra comemorações do golpe militar

Os manifestantes, entre os quais havia estudantes e militantes de partidos de esquerda, repreenderam os militares, chamando-os de 'assassinos', 'nazistas' e 'covardes'

A polícia, que acompanhou a passeata com um amplo aparato, deteve ao menos um ativista e dispersou o grupo usando gás lacrimogêneo e balas de borracha (Flickr/Fora do Eixo)

A polícia, que acompanhou a passeata com um amplo aparato, deteve ao menos um ativista e dispersou o grupo usando gás lacrimogêneo e balas de borracha (Flickr/Fora do Eixo)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 20h28.

Rio de Janeiro .- Centenas de pessoas protestaram nesta quinta-feira em frente à sede do Clube Militar do Rio de Janeiro contra a celebração de um ato comemorativo pelo golpe de Estado de 1964, que instaurou a ditadura que durou 21 anos.

Alguns manifestantes tentaram dificultar o acesso dos membros do clube, em sua maioria militares aposentados, que precisaram da ajuda de seguranças para se deslocar de seus veículos à porta do edifício.

A polícia, que acompanhou a passeata com um amplo aparato, deteve ao menos um ativista e dispersou o grupo usando gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Os manifestantes, entre os quais havia estudantes e militantes de partidos de esquerda, repreenderam os militares, chamando-os de 'assassinos', 'nazistas' e 'covardes'.

Alguns ativistas empunhavam fotos de mortos, torturados e desaparecidos da ditadura, e depositaram velas em frente à fachada do clube.

Vladimir Ribeiro, membro da organização anarquista Terra e Liberdade, disse à Agência Efe que o protesto era 'contra os que comemoram a ditadura'.

'Os milicos e torturadores lembram o golpe todos os anos. A esquerda e nós que defendemos a democracia aproveitamos para protestar', acrescentou Ribeiro.


Já um defensor da ditadura, Heber Trinta Filho, disse à Efe que 'os governos de esquerda, como o da presidente Dilma Rousseff, se esquecem da história'.

'Queremos relembrar a história do regime', argumentou Trinta Filho, ao explicar o motivo da realização do ato comemorativo, que foi denominado '1964, a verdade'.

O golpe de Estado que começou em 31 de março de 1964 depôs o então presidente João Goulart e instaurou uma ditadura militar que se prolongou até 1985.

Os organizadores da manifestação reivindicaram a instauração 'imediata' de uma comissão para investigar as violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura.

A chamada Comissão da Verdade, cuja criação foi aprovada pelo Congresso no final do ano passado, ainda não tem data para ser instaurada e não terá o poder de abrir processos penais contra aqueles que cometeram crimes na época, devido à lei de Anistia de 1979 que permitiu o retorno da democracia. 

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