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Pessoas com pouco entendimento de números são mais suscetíveis a fake news

O estudo, da Universidade de Cambridge, investigou quais fatores fizeram as pessoas acreditarem em notícias falsas relacionadas ao coronavírus

Jornais: estudo de pesquisadores de Cambridge foi conduzido em cinco países (Nodar Chernishev / EyeEm/Getty Images)

Jornais: estudo de pesquisadores de Cambridge foi conduzido em cinco países (Nodar Chernishev / EyeEm/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2020 às 08h17.

Última atualização em 14 de outubro de 2020 às 08h21.

Pessoas com pouco entendimento sobre números têm mais chances de acreditar em desinformação sobre o coronavírus. É o que mostra um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

O estudo foi conduzido em cinco países: Irlanda, Espanha, México, Estados Unidos e Reino Unido. O grupo participante seguiu as proporções de idade e gênero em cada lugar para melhor representar a população local.

O resultado é que um dos aspectos mais relacionados à crença nas notícias falsas sobre o vírus, dentre os testes feitos pelo estudo, foi a capacidade do participante de digerir, analisar e aplicar informações quantitativas de forma ampla.

Faz sentido: curvas e gráficos de casos, números de novos casos, médias e projeções matemáticas ganharam os noticiários (e as redes sociais) desde que a pandemia começou.

Aos participantes, foram apresentadas nove afirmações sobre a covid-19, algumas falsas e outras verdadeiras. Uma das falsas dizia, por exemplo, que redes de 5G tornavam as pessoas mais suscetíveis a pegar a doença. Outra, verdadeira, afirmava que pessoas com diabetes têm maior risco de apresentar complicações ao ter covid-19.

Os participantes também tiveram de responder sobre suas percepções acerca da covid-19, o quanto seguiam as regras de saúde pública e se planejavam tomar a vacina contra a doença quando estiver disponível.

O estudo também concluiu que os grupos mais suscetíveis a acreditar em fake news também eram os que menos cumpriam as regras de saúde pública. Também foram as pessoas que menos afirmaram que se vacinariam. Os mais suscetíveis também se veem como minorias e tendem a ser resistentes a figuras de autoridade, como cientistas e políticos.

Outra descoberta diferente foi que a idade influenciou positivamente. Como explicaram os pesquisadores ao jornal britânico The Guardian, pesquisas anteriores sobre eleições costumam mostrar pessoas mais velhas sendo mais propensas a acreditar em notícias falsas. Mas, nesse estudo sobre a covid-19, os mais velhos acreditaram menos na desinformação. A única exceção foi o México.

O Dr. Sander van der Linden, um dos autores, disse ao Guardian que acredita que uma das possibilidades é que, no geral, pessoas mais velhas estejam menos suscetíveis à desinformação, mas "ainda assim a compartilham mais". Ou que, no caso da covid-19, tenham mais incentivos para cuidar da saúde do que os mais jovens, por serem grupo de risco.

Os resultados variaram de país para país, e os autores apontam que o estudo não é capaz de mostrar um cenário global e amplo para todos os países.

A pesquisa foi publicada Royal Society Open Science, uma revista científica britânica e onde os estudos passam por revisão de pares antes da publicação.

Sobre a relação entre as fake news e os conhecimentos numéricos, o pesquisador também disse ao Guardian que em alguns países as visões políticas também influenciaram, com pessoas conservadoras tendendo a acreditar mais em fake news. Mas que, ainda assim, os conhecimentos sobre números foram fatores relevantes em muitos casos.

Para ele, "todas [as motivações] são relevantes", mas a nova descoberta sobre a importância dos números "dá esperança de certa forma", porque mostra que há possíveis soluções a serem aprimoradas nos programas de combate à desinformação e educação que não passe por visões políticas necessariamente.

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