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Grupo cria asfalto poroso para reduzir enchentes

Pavimento desenvolvido na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo retém até 100% da água da chuva

Pavimentação comum impede absorção da água da chuva e aumenta probabilidade de enchentes (.)

Pavimentação comum impede absorção da água da chuva e aumenta probabilidade de enchentes (.)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

São Paulo - Um grupo de pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo está desenvolvendo pavimentos impermeáveis capazes de reter água da chuva. A expectativa é de que, no futuro, o produto ajude a reduzir os riscos de enchentes como as que mudaram a rotina da região metropolitana do Rio de Janeiro na semana passada.

De acordo com José Rodolfo Scarati Martins, coordenador da equipe, o novo pavimento é capaz de reter a água da chuva por um período cinco vezes maior que o produto convencional. "A urbanização não deixa a água penetrar no solo. Por isso, quando chove, a água escoa pela pavimentação e segue para o ponto mais baixo das cidades. Com o excesso em um espaço pequeno, surgem as enchentes", afirma.

Os pavimentos porosos, ao contrário, estão sendo desenvolvidos exatamente para mimetizar o cenário de absorção da água em condições naturais. Para isso, o grupo desenvolveu dois tipos de cobertura - um produzido com placas de concreto e outro à base de asfalto comum. Nos dois casos o produto é composto por três camadas. Em um deles, a primeira é formada por uma mistura de asfalto e outros aditivos, que permite a passagem da chuva para as camadas inferiores.

A água fica retida, então, no segundo estrato do pavimento, formado por 35 centímetros de pedra. Cerca de 40% do volume desta base é composta por espaços para armazenagem da água,  que, depois, escoa lentamente por dutos de drenagem ligados ao sistema urbano de galerias pluviais. Para separar o pavimento do solo, a equipe criou uma manta plástica de meio milímetro de espessura.

Por enquanto, estes pavimentos foram projetados apenas para vias de tráfego leve -  localizadas em vilas residenciais ou estacionamentos. A proposta é adaptar o projeto para ruas onde o tráfego é mais intenso. "O que define a capacidade do pavimento é a base. É provável que, para isso, seja necessário utilizar pedras com diâmetro maior na segunda camada", afirma o professor.

 O custo da cobertura porosa, contudo, ainda é 20% maior que a daquela utilizada nas cidades brasileiras. Mas este valor pode ser reduzido com a produção em larga escala."Vale lembrar também da economia com os danos das inundações que este produto pode trazer", diz.

A primeira fase do projeto termina no fim de 2010. Mas, de acordo com o pesquisador, a Prefeitura do Município de São Paulo, parceira da pesquisa, pretende implementar o pavimento poroso em projetos-piloto antes deste prazo. Além de avaliar as condições de desenvolvimento da cobertura, o projeto também deve estabelecer um regulamento para utilização do novo produto.
 

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