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Pesquisa norte-coreana aponta China como o país mais feliz do mundo

O "índice da felicidade global" foi elaborado pela rede de televisão estatal da Coreia do Norte. O pais mais infeliz seria os EUA, na 203ª posição

Internautas chineses criticaram a pesquisa, dizendo que "deve se referir apenas aos funcionários do governo" (Getty Images)

Internautas chineses criticaram a pesquisa, dizendo que "deve se referir apenas aos funcionários do governo" (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2011 às 06h10.

Pequim - A China foi considerada o país mais feliz do mundo, de acordo com um índice de felicidade elaborado pela Coreia do Norte, que ocupa a segunda posição, seguida por Cuba, Irã e Venezuela, e que situam os Estados Unidos em último lugar.

O ranking foi divulgado na China nos últimos dias, quando o líder norte-coreano, Kim Jong-il, realizou sua última visita "secreta" ao país vizinho.

De acordo com o "índice da felicidade global", que foi elaborado pela rede de televisão estatal da Coreia do Norte, o país mais infeliz seria os Estados Unidos, na 203ª posição, com a Coreia do Sul aparecendo em 152º.

A notícia foi publicada primeiro na China pelo site "Chaoxian" e depois pelo "Global Times", além de outros meios de comunicação ligados ao regime do Partido Comunista da China, que celebraram o que eles proclamam há anos: que a China é um país feliz e harmonioso.

"O resultado é real. Minha vida diária é muito feliz", disse à Agência Efe Zhang, que trabalha em uma barbearia no centro de Pequim, embora ao ser perguntado sobre se a China é mais feliz que Coreia do Norte, Cuba, Irã e Venezuela, tenha respondido: "Não conheço bem a situação desses países, mas acho que a China é um bom país".

Wang, um auxiliar de escritório, se mostrou mais cauteloso sobre a situação dos chineses: "Não sei se somos os mais felizes do mundo, mas somos felizes", disse ele, que ressaltou que sua vida é "boa".

Os que se consideram mais infelizes se negam a dar detalhes: "Eu mesmo não sei se sou feliz. Por favor, não me pergunte mais", pediu um muçulmano, grupo que costuma ser representado por minorias como a hui e a uigur, reprimidas pelo regime chinês, segundo organizações de direitos humanos.

Ao ser perguntado sobre se os EUA é um lugar infeliz, o jovem Yang, que aproveitava a tarde de verão com seus amigos, disse que "teria que pensar nessa resposta".

No entanto, foi na internet, através da qual os 470 milhões de internautas chineses se sentem mais livres para expressar sua opinião protegidos pelo anonimato, que surgiram os comentários mais curiosos sobre o índice.

"Deve se referir apenas aos funcionários do Governo", postou o internauta Leshanman, enquanto outro, Kongfang, disse que "é preciso de coragem para publicar algo assim".

"Essa pesquisa é pura estupidez", afirmou outro internauta identificado como Lang, enquanto Baimaojin opinou que "Kim Jong-il é hoje um autêntico adulador".

O internauta Zhang Zhuan disse que a Coreia do Norte deveria estar no topo da lista, já que o regime obriga seus cidadãos a cantar hinos tais como "somos o país mais feliz do mundo, todos deveriam nos parabenizar".

Os especialistas estão perplexos com o resultado do índice e se perguntam sobre os critérios de sua elaboração, já que contradiz rankings como o da revista "Forbes", que situa na liderança Noruega, Dinamarca e Finlândia, seguidas de Austrália, Nova Zelândia, Suécia, Canadá, Suíça, Holanda e EUA.

Em outro estudo sobre a felicidade da população realizado pela universidade Erasmus, de Roterdã (Holanda), os costarriquenhos e os dinamarqueses aparecem como os mais felizes do planeta, e os americanos ocupam o 21º lugar, atrás dos brasileiros, enquanto os chineses aparecem em 60º lugar, em uma lista na qual a Coreia do Norte sequer é citada.


Os meios de comunicação sul-coreanos encararam o resultado do índice de felicidade como uma prova da lavagem cerebral a qual estão submetidos seus vizinhos do norte, com os quais permanecem tecnicamente em guerra, e questionam como eles podem comparar seu nível de felicidade se nunca saíram de suas fronteiras.

O assunto é delicado na China, onde nos últimos meses as autoridades locais realizaram diversas pesquisas para provar a efetividade da "sociedade harmoniosa" proclamada pelo presidente Hu Jintao, depois que em março uma pesquisa oficial revelou que apenas 6% dos chineses se disseram felizes, ao contrário de 49% dos participantes.

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