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Perfil dos jihadistas europeus se tornou muito diverso

Lista dos aprendizes jihadistas que viajaram para se unir às fileiras do grupo EI inclui jovens ao que parece bem integrados, com empregos ou que estudavam

Imagem distribuída pelo Estado Islâmico mostra um grupo de jihadistas junto ao piloto jordaniano capturado na Síria e posteriormente queimado vivo (AFP)

Imagem distribuída pelo Estado Islâmico mostra um grupo de jihadistas junto ao piloto jordaniano capturado na Síria e posteriormente queimado vivo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2015 às 10h19.

Paris - O perfil dos jovens seduzidos na Europa pelo chamado da Jihad, na Síria ou em seus respectivos países, se ampliou e engloba um segmento de idade, sem distinção de classe e para além dos bairros considerados complicados, segundo especialistas.

Só neste fim de semana, um jovem jihadista matou duas pessoas em um ataque contra um centro cultural e uma sinagoga na Dinamarca, e um novo vídeo do Estado Islâmico exibiu seus membros fazem a decapitação coletiva de 21 egípcios cristãos coptas.

"Durante anos o discurso fundamentalista teve como alvo jovens frágeis", declarou à AFP a antropóloga Dounia Bouzar, do Centro de Prevenção das Derivas Sectárias ligadas ao Islã.

"Famílias destruídas, pai fracassado, alcoólatra, preso, violento ou drogado. Eram jovens que podiam ser envolvidos facilmente, esse era o perfil tradicional", afirmou.

"Mas percebemos nos últimos meses que os fundamentalistas modificaram seus discursos. Propõem agora diversas motivações. Graças à internet, apresentam vários tipos de sonhos, de utopias.

O problema alcança agora jovens que têm um futuro social e que podem estar no segundo ano de Ciência Política ou Medicina. Jovens provenientes de famílias estáveis, afetuosas, de classe média. Filhos de professores, funcionários públicos, médicos, advogados", acrescentou.

Arrependidos que fizeram estudo superior "nos escrevem para dizer como estiveram prestes a se envolver (...) Isso não tem nada a ver com a imigração. A filha de um grande médico parisiense caiu em suas redes. Seria tão fácil se fosse um fenômeno social", declara.

Embora os autores dos recentes ataques de Paris contra a Charlie Hebdo ou o mercado kasher tivessem perfis mais previsíveis, com períodos na prisão e dificuldades socioeconômicas, a lista dos aprendizes jihadistas que viajaram para se unir às fileiras do grupo Estado Islâmico inclui jovens ao que parece bem integrados, com empregos ou que estudavam.

Alguns cresceram em subúrbios ou bairros difíceis, mas outros, como o francês David Drugeon, convertido em artífice para a Al-Qaeda, tiveram infâncias sem problemas em cidades tranquilas, entre escolas e campos de futebol.

Mohamed Belhoucine, de 27 anos, condenado em julho a dois anos de prisão por encorajar sites jihadistas, que depois viajou à Síria, se radicalizou em seu quarto de estudante em Albi (sul), onde conseguiu passar no difícil concurso de admissão à Escola de Minas, uma das melhores da França para cursar engenharia.

E em Schiltigheim, pequena cidade próxima a Estrasburgo (leste), os amigos de Youssoup Nassoulkhanov, jovem checheno que viajou à Síria e era assistente infografista na prefeitura, ficaram chocados quando o ouviram em um vídeodivulgado na internet dirigindo-se aos "irmãos muçulmanos".

Na mensagem ele dizia: "Façam o que puderem, os matem, degolem, queimem seus veículos e casas. O califado se instalará em toda a Europa".

"Eu o conhecia, discutíamos, nos divertíamos", declarou à AFP Yann Lymand, de 36 anos, responsável pelo serviço de infografia da prefeitura. "Era um rapaz amável, não odiava a França nem os franceses ou os muçulmanos...".

O especialista Thomas Hegghammer, diretor de investigações no Estabelecimento norueguês de investigação sobre defesa (FFI) em Oslo, está certo de que as autoridades "nunca conseguirão estabelecer um perfil pertinente de terrorista. Não há perfil típico. É um amplo grupo humano e todos são diferentes".

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