Meca: pela 1ª vez, uma câmera aérea vai monitorar Meca do ar e todos os fiéis terão que portar uma pulseira eletrônica (Ahmed Jadallah / Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2016 às 15h59.
Riad - Mais de 1,3 milhões de muçulmanos procedentes de diversas partes do mundo iniciam neste sábado a peregrinação à cidade santa de Meca, na Arábia Saudita, onde foram adotadas medidas severas de segurança e vigilância para evitar tragédias.
Depois da tragédia que no ano passado deixou cerca de 2 mil mortos, pisoteados em uma grande aglomeração, as autoridades sauditas impuseram novas medidas para melhorar a gestão de grandes multidões, como garantiu o ministro da Peregrinação Mohammed Benten.
Benten destacou recentemente que os diferentes órgãos estatais melhoraram a coordenação e a comunicação entre todos os que participam da organização da peregrinação, que também é conhecida como hajj.
Além disso, esse departamento estará em contato com todas as representações dos fiéis estrangeiros e locais para determinar os horários em que os peregrinos vão participar dos ritos a cada dia.
Pela primeira vez, os peregrinos serão proibidos de sair de seus acampamentos durante quatro horas nos dias 11, 12 e 13 de setembro para que seja possível organizar o movimento dos fiéis na região de Mina e evitar aglomerações repentinas, como a que ocorreu em 2015.
Seguindo essa mesma linha, a Defesa Civil saudita informou que delimitou trajetos e instalou portões eletrônicos para controlar a multidão de peregrinos que se dirigirá a Mina para lançar as pedras contra Satanás, o rito que será realizado durante três dias a partir da próxima segunda-feira.
A Defesa Civil mobilizou mais de 17 mil efetivos, que contarão com mais de 3.700 equipamentos eletrônicos, assim como com a ajuda de muitos voluntários.
Este ente governamental efetuou nos últimos dias simulações para pôr a toda prova sua capacidade de resposta para situações de emergência, assim como sua coordenação com o Ministério da Saúde, o Crescente Vermelho e as forças de segurança.
Pela primeira vez, uma câmera aérea vai monitorar Meca do ar e todos os fiéis terão que portar uma pulseira eletrônica para que seus movimentos sejam controlados e os serviços de emergência possam intervir quando uma multidão descontrolada começar a se formar.
Nas pulseiras estarão registrados os dados de cada peregrino, como seu número de passaporte e seu visto, além de uma fotografia e informações sobre seu alojamento para poder identificá-lo e guiá-lo outra vez para seu local de hospedagem, caso se perca.
Além disso, este ano foi instalado um novo sistema de iluminação nas áreas onde são realizados os diferentes ritos - Mina, Muzdalifah e o Monte Arafat - para facilitar a captação de imagens por parte das câmeras de vigilância.
A direção-geral de Segurança também anunciou que será utilizado pela primeira vez um detector portátil de impressões digitais para verificar a originalidade das permissões de peregrinação, e multar diretamente os infratores.
Esses equipamentos, que cabem na palma das mãos, serão usados pelos agentes nos locais dos ritos, onde só podem ter acesso pessoas que tenham obtido uma permissão prévia, para assim limitar o número de peregrinos que realizam o hajj a cada ano.
As forças de segurança sauditas já detiveram nos dias anteriores 189 pessoas que não contam com autorização para viajar a Meca, que enfrentam penas de prisão e multas, e a expulsão do país no caso dos estrangeiros.
O Sindicato Geral de Transporte, por sua vez, disse que utilizará pela primeira vez um sistema eletrônico para o acompanhamento dos mais de 16 mil ônibus que transportam os peregrinos, desde sua chegada até sua partida.
O Ministério da Saúde saudita, por outro lado, aumentou a vigilância nos acessos ao país para evitar a chegada de fiéis infectados com doenças contagiosas como a zika.
As autoridades sanitárias elaboraram uma lista que inclui um total de 64 países nos quais foram detectados casos de zika, por isso intensificaram as medidas de vigilância a respeito dos peregrinos provenientes destes lugares.
Mas a principal preocupação das autoridades este ano é a segurança dos fiéis, depois das acusações feitas contra o reino pela tragédia do ano passado.
Ao menos 1.757 peregrinos morreram, segundo cálculos da Efe, e a Arábia Saudita responsabilizou pela tragédia um grupo numeroso de iranianos, que estavam supostamente caminhando no sentido contrário ao dos demais peregrinos, enquanto o Irã atribuiu o incidente à "inaptidão" dos organizadores.