Rio Xingu, área de construção da usina: quanto mais floresta, maior a capacidade de geração (Mario Tama/Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 14 de maio de 2013 às 10h26.
São Paulo – A conservação das florestas tem papel fundamental na geração de energia em usinas hidrelétricas. Essa é a conclusão de um estudo publicado no periódico científico Pnas, feito por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. O estudo, que avalia o potencial de geração de eletricidade em florestas tropicais, foca na relação entre desmatamento e a capacidade de geração da usina de Belo Monte.
Usando modelos de uso da terra, climáticos e hidrológicos, eles avaliaram os efeitos locais "diretos" e os potenciais efeitos regionais "indiretos" (através de mudanças na precipitação) do desmatamento na vazão do rio e do potencial de geração de energia para o complexo de Belo Monte.
Segundo os cientistas, considerando-se os níveis de desmatamento atuais, o volume de chuva chega a ser de 6 a 7% menor do que com a cobertura florestal na íntegra. No pior cenário, o desmatamento de 40% na bacia do Xingu poderia fazer a produção de energia cair a 25% do máximo da capacidade em 2050, indica a pesquisa.
De acordo com a pesquisa, os estudos de viabilidade de usinas hidrelétricas geralmente ignoram o efeito do desmatamento futuro ou tendem a assumir que o desmatamento terá um efeito positivo sobre a vazão do rio e geração de energia resultante da diminuição da evapotranspiração (ET) associados à conversão da floresta.
“Como outras fontes de energia, as hidrelétricas apresentam grandes custos sociais e ambientais. Sua confiabilidade como fontes de energia, no entanto, deve levar em conta a sua dependência de florestas”, avaliam os pesquisadores. Na prática, quanto mais floresta existir, maior a capacidade de geração de energia da usina.