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Pequim e Washington fazem manobras militares no disputado Mar da China Meridional

China e as Filipinas têm longa história de disputas nestas águas do Sudeste Asiático, por onde passa grande parte do comércio internacional

Navio da marinha filipina BRP Sierra Madre (Handout / ARMED FORCES OF THE PHILIPPINES / AFP/AFP)

Navio da marinha filipina BRP Sierra Madre (Handout / ARMED FORCES OF THE PHILIPPINES / AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 4 de janeiro de 2024 às 10h58.

Última atualização em 4 de janeiro de 2024 às 11h04.

A China divulgou, nesta quinta-feira (4), imagens que seriam de aviões de combate disparando mísseis no Mar da China Meridional, uma disputada zona marítima na qual Estados Unidos e Filipinas também fazem exercícios militares.

A China e as Filipinas têm uma longa história de disputas nestas águas do Sudeste Asiático, cuja soberania é reivindicada quase inteiramente por Pequim e por onde passa grande parte do comércio internacional.

O ex-presidente filipino Rodrigo Duterte era reticente quanto a criticar seu poderoso vizinho, mas seu sucessor, Ferdinand Marcos Jr., que chegou ao poder em 2022, assumiu uma postura mais firme em relação ao gigante asiático e estendeu a mão aos Estados Unidos.

Em dezembro, a Guarda Costeira filipina divulgou vídeos, nos quais se via navios chineses disparando canhões d'água contra seus navios durante duas missões de abastecimento a recifes em disputa. Também houve uma colisão entre um navio filipino e um barco da Guarda Costeira chinesa. Ambos os países trocaram acusações pelo incidente.

Nesta quinta-feira, tanto o Exército quanto a televisão estatal chineses transmitiram imagens, que, segundo eles, são "exercícios de disparo real" no Mar do Sul da China. Também foi divulgado um vídeo, mostrando aviões de combate disparando mísseis contra alvos precisos.

A data da gravação não foi informada, mas sua transmissão ocorre um dia depois de Pequim ter anunciado "patrulhas de rotina" nestas águas até quinta-feira.

"Exibição de força"

O Exército chinês não especificou o local das manobras, nem o número de soldados ou dispositivos envolvidos.

O último exercício militar que Pequim tornou público nessa área remonta a novembro. Em setembro, haviam sido quatro.

Os Estados Unidos anunciaram, por sua vez, que fariam manobras aeronavais conjuntas com as Filipinas nas águas disputadas com o porta-aviões nuclear "USS Carl Vinson".

"A Marinha americana realiza, regularmente, exercícios desse tipo para reforçar os laços entre as nações aliadas e parceiras", diz um comunicado, que especifica que as manobras vão durar dois dias.

Um alto funcionário das forças filipinas, Xerxex Trinidad, disse à AFP nesta quinta-feira que as manobras ocorrem na mesma área onde foram registrados incidentes com navios chineses em dezembro.

Pequim classificou os exercícios como uma "provocação", considerando-os um ataque à sua integridade territorial.

As manobras são realizadas "com o objetivo de mostrar sua força e não servem para controlar as disputas e a situação" nestas disputadas águas, reagiu Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia chinesa.

Pequim reivindica soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, apesar de uma decisão contrária do Tribunal Permanente de Arbitragem com sede na Holanda, em 2016.

"Zona defensiva chave"

Outros países vizinhos, como Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei, também reivindicam sua soberania na área, onde controlam várias ilhas.

Nos últimos anos, a China construiu ilhas artificiais no mar disputado e militarizou-as para reforçar suas reivindicações.

"O Mar da China Meridional está se tornando uma zona defensiva chave para a China", disse à AFP o analista militar Michael Raska, professor da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), em Singapura.

Pequim busca fazer dessa vasta zona marítima "uma via navegável controlada unicamente pela China", a fim de reforçar sua influência e capacidade de projeção, acrescentou.

Ante as reivindicações territoriais chinesas e sua crescente influência e capacidade militar, as Filipinas assinaram acordos militares com Estados Unidos e Austrália este ano.

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