Eleições no Líbano: ao fechamento, a participação chegou a 49,2%, segundo números do ministério do Interior (Mohamed Azakir/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de maio de 2018 às 08h07.
As primeiras eleições legislativas em quase uma década começaram neste domingo (6) no Líbano, onde o equilíbrio político historicamente frágil foi severamente testado nos últimos anos pela turbulência regional, principalmente o conflito na vizinha Síria.
Os colégios eleitorais fecharam às 16H00 GMT (13H00 horário de Brasília). Ao fechamento, a participação chegou a 49,2%, segundo números do ministério do Interior.
A contagem dos votos começou na tarde de domingo, mas os resultados finais devem ser conhecidos nesta segunda-feira.
O Parlamento, com 128 deputados, deverá ser ocupado, segundo especialistas, pelos países tradicionais, entre eles o poderoso Hezbollah, aliado de Síria e Irã.
Mas é improvável que isso implique uma grande mudança, considerando-se que o Hezbollah já domina o jogo político no Líbano, um território de cerca de quatro milhões de pessoas entre Israel e Síria.
Além disso, grande parte da população diz que tem poucas ilusões diante de uma classe política acusada de corrupção e de nepotismo, em um país fragilizado por uma dívida pública que chega a 150% do PIB.
"É a primeira vez que eu voto", disse Theresa, uma eleitora de 60 anos, em frente ao local de voto.
"Vim para apoiar a sociedade civil, porque ninguém mais me satisfaz, apesar de saber que provavelmente vão vencer", explica.
Para Jalal Naanou, outro eleitor de 28 anos, "viemos votar para termos novos deputados, porque sem mudança, nossa situação não vai mudar, talvez até piore".
O outro grande campo no Líbano é liderado pelo primeiro-ministro sunita Saad Hariri, que esteve, em novembro de 2017, no centro de uma polêmica relacionada ao anúncio de sua renúncia surpresa a partir da Arábia Saudita, que disputa a influência regional com o Irã xiita. Ele então voltou atrás em sua decisão.
As legislativas são organizadas com o objetivo de completar a estabilização política do Líbano, país que permaneceu mais de dois anos sem um chefe de Estado e abalado por múltiplas crises.
A Associação Libanesa para as Eleições Democráticas (LADE) denunciou algumas irregularidades e infrações como uma briga com bastões e facas em Zahlé, no leste do país e uma agressão sofrida por uma candidata por parte de eleitores do Hezbollah.
La organización también lamentó que se permitiera el voto pasada la hora del cierre de las urnas en algunos locales, lo cual constituye "una infracción a al ley".
Apesar da agitação em trono da votação, grande parte dos 3,7 milhões de eleitores têm poucas esperanças.
Sami Atallah, diretor do Lebanese Center for Policy Studies, não espera "nenhuma mudança fundamental".
Após as eleições, as "principais forças vão dirigir o país em conjunto", acredita.
O Hezbollah, única facção a não ter abandonado as armas após a guerra civil (1975-1990), "vai manter o controle sobre as decisões do governo e não permitirá o debate sobre seu armamento", afirma Hilal Khashan, professor de Ciência Política da Universidade americana de Beirute.
O movimento xiita "e seus aliados vão ter uma maioria dos (128) assentos" no Parlamento, em detrimento do campo de Hariri, aposta ele. Por aliados, ele quer dizer Nabih Berri, chefe do Parlamento desde 1992, e o presidente da República, Michel Aoun.
Apesar das profundas divergências e, por vezes, animosidade, as grandes decisões políticas geralmente são tomadas por consenso entre as forças políticas rivais.
No Líbano, segundo uma regra não escrita, as três principais funções do Estado são atribuídas a um cristão maronita (presidente), a um muçulmano sunita (primeiro-ministro) e a um muçulmano xiita (chefe do Parlamento).