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Pedindo mudanças, Ucrânia caminha para eleger comediante como presidente

A vitória do comediante Zelenskiy representa uma mudança dramática para um país cujos presidentes anteriores foram políticos experientes

Volodymyr Zelenskiy interpreta um presidente fictício em uma série de TV (Valentyn Ogirenko/Reuters)

Volodymyr Zelenskiy interpreta um presidente fictício em uma série de TV (Valentyn Ogirenko/Reuters)

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Reuters

Publicado em 21 de abril de 2019 às 15h09.

Kiev — Os ucranianos votaram neste domingo em uma eleição que deve impulsionar um comediante sem experiência política e com poucas propostas detalhadas à presidência de um país em guerra e ávido por mudança.

Em jogo está a liderança de um país na linha de frente de um impasse entre o Ocidente e a Rússia após a anexação da Crimeia por Moscou e seu apoio a uma insurgência pró-Rússia no leste da Ucrânia.

Pesquisas colocam Volodymyr Zelenskiy, que interpreta um presidente fictício em uma série de TV, como candidato favorito para derrotar o atual mandatário Petro Poroshenko, cuja popularidade tem sido impactada negativamente por dificuldades para frear a corrupção no país e pela queda no padrão de vida dos ucranianos.

Ambos os homens - que trocaram insultos e acusações em um debate realizado em um estádio de futebol em Kiev na sexta-feira - prometeram manter a Ucrânia em um caminho pró-Ocidente.

A vitória de Zelenskiy, no entanto, seria uma mudança dramática para um país cujos presidentes anteriores, desde sua independência em 1991, foram políticos experientes, incluindo três ex-primeiros ministros.

Investidores estão buscando garantias de que quem quer que vença, irá acelerar as reformas necessárias para atrair investimento estrangeiro e manter o país em um programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) que apoiou a Ucrânia em meio à guerra, recessão e desvalorização da moeda.

"Queremos mudança para uma direção melhor, pois agora há tensão, as pessoas estão irritadas. Queremos paz, liberdade e felicidade", disse a eleitora Zinaida Statnikova.

Um Zelenskiy sorridente apareceu para votar vestindo uma camiseta branca e jaqueta. "Nós unimos a Ucrânia", disse ele. Qualquer que seja o resultado, acrescentou, "será uma vitória para o povo ucraniano".

Enquanto isso, Poroshenko participou de uma missa ortodoxa no monastério St Michael, de Kiev, parte de uma nova igreja nacional que Poroshenko ajudou a estabelecer.

"É muito importante ser guiado pela razão durante o voto. Porque não é engraçado. Primeiro pode parecer engraçado e divertido, mas não deveria ser algo doloroso depois", disse ele após votar.

O eleitor Egor Binkevych quer um candidato que pelo menos tente resolver a questão da corrupção. "Mais que tudo, eu gostaria de estrutura para que o nosso país mude, todo o sistema", disse ele.

A campanha não ortodoxa de Zelenskiy, de 41 anos, explorou o personagem que ele interpreta no programa de TV, um professor de escola escrupulosamente honesto que se torna presidente por acidente após um discurso inflamado sobre corrupção viralizar.

Sua campanha contou com posts excêntricos em redes sociais e piadas, ao invés dos tradicionais comícios e panfletagens

Zelenskiy prometeu combater a corrupção, uma mensagem que ressoou entre os ucranianos, cansados do status quo em um país de 42 milhões de pessoas que é um dos mais pobres da Europa quase três décadas após romper com a União Soviética.

Ele também falou da necessidade de tentar encontra uma forma de acabar com a guerra contra separatistas pró-Rússia por meio de negociações mais amplas com o presidente Vladimir Putin, apoiadas pelo Ocidente.

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