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Pediatra islamita quer unir tendências no Egito

Em meados dos anos 70, Abul Futuh se envolveu na luta estudantil em sua passagem pela universidade, quando se uniu à Irmandade Muçulmana

Futuh vive com sua esposa, uma ginecologista, têm três filhas, todas elas médicas, e três filhos (John Moore/ Getty Images)

Futuh vive com sua esposa, uma ginecologista, têm três filhas, todas elas médicas, e três filhos (John Moore/ Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2012 às 19h47.

Cairo - Abdel Moneim Abul Futuh, candidato islamita moderado às presidenciais egípcias, quer se tornar o primeiro presidente do país após a revolução com uma linguagem flexível para ganhar a confiança de todas as tendências ideológicas.

No ano passado, depois da queda do regime de Hosni Mubarak, Futuh, o pediatra aposentado de 61 anos renunciou ao grupo Irmandade Muçulmana e anunciou pela primeira vez sua intenção de se apresentar como candidato independente às eleições presidenciais.

Em meados dos anos 70, Abul Futuh se envolveu na luta estudantil em sua passagem pela universidade, quando se uniu à Irmandade Muçulmana, da qual foi membro do executivo entre 1987 e 2009.

De perto, Abul Futuh é sério e carismático, mas a uma distância maior tem o aspecto de um político humilde e tímido. Contudo, quando se dirige ao público, mantém um sorriso permanente que dá a impressão de ter uma grande confiança de si mesmo.

A principal diferença deste candidato frente aos outros é sua capacidade de utilizar uma linguagem política flexível, que lhe permite interagir com grupos de tendências opostas como os salafistas (ultraconservadores islâmicos) ou os jovens revolucionários laicos.

Essa vantagem, segundo os observadores, pode ser ao mesmo tempo uma fraqueza, já que nem os liberais têm uma total confiança em seus possíveis pactos com os islamitas, nem estão satisfeitos com sua aproximação aos laicos.

Em seu discurso político, Futuh insiste na necessidade de aplicar a "sharia" (lei islâmica) no Egito e descarta continuamente que haja uma contradição entre a religião muçulmana e os valores da modernidade.


Ao mesmo tempo, para se aproximar da juventude, o candidato, além de utilizar uma linguagem entusiasta e repetir os lemas da revolução, se comprometeu que seu vice-presidente tenha menos de 45 anos e a que metade dos altos cargos do Estado seja ocupada pelos jovens.

Apesar da intenção de alcançar o conjunto da sociedade, as pesquisas mostram que Abul Futuh recebe um maior respaldo dos setores sociais com educação, altas rendas e vivem nos centros urbanos.

Além de suas atividades políticas, o candidato exerceu no passado atividades sindicais e humanitárias. Futuh foi presidente do Sindicato de Médicos do Egito e atualmente é secretário-geral da União de Médicos Árabes, onde participou de intervenções humanitárias em vários países, como Líbia, Somália, Líbano e territórios palestinos.

O político, cujo lema da campanha é "Egito forte", ficou conhecido em 1976 quando era presidente da União de Estudantes da Universidade do Cairo, e acusou o ex-presidente Anwar al Sadat, em reunião com os estudantes, de estar "rodeado de hipócritas", o que provocou a ira do líder.

Desde então, e também durante a era de Mubarak, foi detido várias vezes por causa de suas atividades políticas, e passou um total de cinco anos nas prisões egípcias, aproveitando esse tempo para conseguir a licenciatura em Direito pela Universidade do Cairo.

Seu passado de "sofrimento" o levou a um encontro histórico em 10 de maio com o ex-secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, no qual lembrou os anos que passou preso por suas opiniões políticas.

Nesse debate, tentou em várias ocasiões se conectar com os espectadores, como quando reconheceu que é diabético e que o total de suas rendas mensais, que incluem sua aposentadoria e receita por diferentes negócios, não passa de 10 mil libras.

Futuh vive com sua esposa, uma ginecologista, têm três filhas, todas elas médicas, e três filhos. 

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