Mundo

Paul Nuttall é eleito líder do partido britânico antieuropeu

Favorito, Paul Nuttall venceu dois outros candidatos para assumir as rédeas da terceira força política britânica

Paul Nuttall: o Ukip atravessa uma fase muito difícil (Toby Melville/Reuters)

Paul Nuttall: o Ukip atravessa uma fase muito difícil (Toby Melville/Reuters)

A

AFP

Publicado em 28 de novembro de 2016 às 11h20.

Paul Nuttall foi eleito nesta segunda-feira à frente do Ukip, substituindo o carismático Nigel Farage, um aliado de Donald Trump, cuja saída pode enfraquecer de forma permanente o partido anti-imigração e pró-Brexit.

Favorito, Paul Nuttall, que completa 40 anos na quarta-feira, venceu dois outros candidatos, Suzanne Evans e John Rees-Evans, para assumir as rédeas da terceira força política britânica com 12,6% dos votos nas legislativas de 2015.

"Este é um novo começo, vamos unir o partido e acabar com as divisões", declarou o novo líder aos militantes do partido reunidos em Londres.

Ele se torna assim o terceiro chefe do Ukip em apenas três meses após a renúncia em setembro de Diane James, o que forçou Nigel Farage a voltar como interino por um breve período.

Minado por divisões internas, em dificuldades financeiras e à procura de sentido após realizar o seu sonho de Brexit, o Ukip atravessa uma fase muito difícil.

"Nós conhecemos um verão digno de Benny Hill", resumiu o presidente do partido, Paul Oakden, em referência a um humorista inglês, ao anunciar os resultados da votação nesta segunda-feira.

O partido teme sobretudo a possibilidade de ficar órfão de seu líder histórico Nigel Farage, um dos principais arquitetos da saída do país da União Europeia, que disse que queria "recuperar a sua vida" após a vitória do Brexit no referendo de 23 de junho.

Desde então, Farage tem se dedicado a uma nova vocação, apoiando Donald Trump em sua conquista da Cada Branca e estando ao seu lado em inúmeras ocasiões.

"O Brexit conduziu diretamente ao fracasso do establishment e à eleição de Donald Trump", ressaltou nesta segunda Farage, que viaja aos Estados Unidos este semana, mas que espera permanecer como eurodeputado pelo Ukip em Estrasburgo.

Briga no Parlamento

"Sem nós, não haveria referendo" e o Ukip "desempenhou um papel determinante" na campanha para o Brexit, acrescentou.

Ainda assim, o Ukip ainda precisa superar o sucesso do referendo de 23 de junho, uma vez que tem mostrado uma completa incapacidade de gerir o período pós-Farage.

Em vez de capitalizar sobre o Brexit, o partido anti-europeu ocupou as manchetes com suas divisões. Estas culminaram com uma briga entre dois dos seus deputados nos corredores do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, que levou Steven Woolfe ao hospital.

Woolfe, que por um tempo era cotado como possível próximo líder do partido, acabou deixando a formação em outubro. Outras deserções reduziram ainda mais o número de deputados do Ukip, de 24 a 20.

Além disso, o Ukip está enfrentando acusações de ter financiado, com fundos da UE, sua campanha para as legislativas de maio de 2015 e do referendo sobre a permanência na UE.

O Parlamento Europeu exigiu a devolução dos fundos em questão, enquanto a Comissão Eleitoral do Reino Unido anunciou a abertura de uma investigação sobre a suspeita de utilização fraudulenta de fundos da UE.

Essa nova questão não vai ajudar as finanças do partido, que viu uma queda de 97% de doações recebidas do público entre 1º de julho e final de setembro em relação ao trimestre anterior (42,943 libras contra 1,25 milhões de libras), segundo números da comissão eleitoral.

Acompanhe tudo sobre:Partidos políticosPolíticaReino UnidoUnião Europeia

Mais de Mundo

Argentina registra décimo mês consecutivo de superávit primário em outubro

Biden e Xi participam da cúpula da Apec em meio à expectativa pela nova era Trump

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA