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"Patriota", "herói": Senador John McCain é homenageado mundo afora

Ex-prisioneiro de guerra, senador morreu no sábado (25) após meses de luta contra um câncer cerebral e um dia após ter abandonado seu tratamento médico

O senador americano John McCain: desafetos, político não queria Donald Trump em seu funeral (Robyn Beck/AFP)

O senador americano John McCain: desafetos, político não queria Donald Trump em seu funeral (Robyn Beck/AFP)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 26 de agosto de 2018 às 13h35.

Washington (AFP) - As bandeiras foram hasteadas a meio mastro na capital dos Estados Unidos neste domingo (26), no dia seguinte ao falecimento do senador republicano John McCain, ex-piloto na Guerra do Vietnã e candidato à Casa Branca com uma trajetória política tumultuada, mas homenageado de forma quase unânime.

O senador republicano do Arizona morreu no sábado (25) após treze meses de luta contra um câncer cerebral, e um dia após ter abandonado seu tratamento médico. Ele tinha 81 anos e sete filhos, incluindo três de um primeiro casamento.

Como para John F. Kennedy, Ronald Reagan e Rosa Parks, seu caixão foi exposto na rotunda do Capitólio em Washington, uma honra reservada para aqueles que marcaram a história dos Estados Unidos.

Depois, seguiu para o Arizona, o estado desértico do sudoeste do país que ele representou por mais de 35 anos no Congresso.

O funeral será realizado na Catedral Nacional de Washington.

Os ex-presidentes Barack Obama e George W. Bush, um democrata e um republicano, deverão pronunciar os elogios fúnebres, a seu pedido, de acordo com o Times. Vários meios de comunicação informaram que há vários meses o senador solicitou expressamente que Donald Trump não participasse, sendo representado pelo vice-presidente Mike Pence.

Ele deverá ser enterrado no Cemitério da Academia Naval de Annapolis, na costa leste, onde cumpriu seu treinamento militar inicial.

Este programa não foi confirmado pelo gabinete do senador.

Ele mesmo havia revelado em 2015 o epitáfio que queria em sua lápide: "Ele serviu ao seu país".

"Patriota", "herói", "combatente", "inconformado": muitas eram as palavras utilizadas em homenagem a este ícone da política americana.

"Era um patriota. Independente do partido, era um patriota", disse Hillary Clinton, em uma entrevista emocionante na CNN.

O atual presidente americano Donald Trump - John McCain disse em 2016 que jamais votaria no bilionário por quem não escondia seu desprezo - se limitou a escrever no Twitter uma breve mensagem de condolências à família McCain, mas sem mencionar a jornada humana.

"Meus pêsames e meu mais sincero respeito pela família do senador John McCain. Nossos corações e orações estão com vocês!", escreveu.

Já sua esposa Melania, sua filha Ivanka e seu vice-presidente Mike Pence seu serviço prestado à nação.

- Reações internacionais -

John McCain visitava regularmente países estrangeiros como parte de delegações parlamentares. Ele esteve várias vezes em Bagdá, no Oriente Médio e em Kiev, onde havia apoiado a "Revolução Laranja".

O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e outros líderes estrangeiros fizeram elogios em sua memória. A chanceler alemã Angela Merkel prestou homenagem a "um incansável defensor de uma forte aliança transatlântica".

Theresa May, primeira-ministra britânica, indicou que "John McCain foi um grande estadista que incorporou a ideia de serviço altruísta", enquanto Emmanuel Macron, presidente da França, escreveu que o senador "foi um verdadeiro herói americano. Ele era devotado ao seu país. Sua voz fará falta".

Do outro lado do Pacífico, o China Daily o chamou de "titã da política americana" e "consciência do partido republicano".

Durante sua vida, John McCain nem sempre foi uma figura consensual.

Nas primárias presidenciais de 2000, ele cultivou uma imagem republicana centrista, mas fracassou diante de George W. Bush, mais em sintonia com a ortodoxia conservadora.

No Senado, foi um feroz defensor da guerra do Iraque e lamentou a saída das tropas americans sob o mandato de Barack Obama.

Sua defesa de um aumento permanente dos gastos militares era criticada pela direita e pela esquerda como irresponsável.

Ele também foi acusado de ter colocado o pé no estribo aos precursores do movimento populista conservador do Tea Party, escolhendo Sarah Palin para vice quando foi candidato à Casa Branca em 2008 - uma decisão que ele acabou por se arrepender.

Mas o seu compromisso na luta contra a tortura, por uma reforma migratória favorável aos imigrantes ilegais e na defesa de uma tradição política de civilidade, fizeram com que transcendesse as divisões partidárias.

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