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Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2012 às 20h08.
Washington - O chanceler do Equador, Ricardo Patiño, condenou nesta sexta-feira a "grosseira ameaça" do Reino Unido de entrar em sua embaixada em Londres e prender o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e defendeu o direito de seu país a conceder asilo ao ativista.
Em seu discurso na reunião de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o caso, Patiño denunciou a carta enviada pelo Governo britânico à embaixada equatoriana na semana passada, na qual advertia da possibilidade de recorrer a uma lei de 1987 que lhe permitiria entrar na delegação.
"Isto é uma ameaça grosseira à soberania de nosso país. O Equador não aceita essa intrusão e emite seu protesto mais enérgico. Nenhum país deve tratar outro como uma colônia, esses tempos já passaram", afirmou Patiño.
O chanceler ressaltou que, embora o Governo britânico não tenha tomado ações para entrar na embaixada, "apenas a intenção (de fazê-lo) deve ser rejeitada", já que é uma "clara mostra de prepotência e obedece à tresloucada pretensão do Reino Unido de prender Assange de modo violento".
Patiño assinalou que a delegação do Equador recebeu na noite desta quinta-feira uma nota diplomática do Reino Unido que assegurava que "em nenhum momento houve ameaça alguma contra a embaixada" equatoriana, e comemorou a "mudança de atitude" do Governo britânico ao se oferecer para retomar as conversas sobre a situação de Assange.
No entanto, destacou que "o uso da ameaça já foi utilizado e continua vigente, porque não foi retirada a nota" que informava sobre a lei de 1987.
O chanceler também ressaltou que o conflito diplomático permitiu debater sobre o asilo, uma figura universal que deve ser defendida pelos Estados soberanos.
"No asilo outorgado a Assange se encontra, além da liberdade de expressão, a luta para que a figura do asilo seja reconhecido em qualquer parte do mundo", disse Patiño.
O funcionário ressaltou que o pedido do Equador "era e é absolutamente legal e legítimo", e assegurou que seu país "nunca obstruiu o processo judicial sueco, já que deixou aberta a possibilidade de a Promotoria daquele país, que requer Assange por supostos delitos sexuais, "de o interrogar na embaixada".
Patiño encerrou seu discurso ao apresentar o projeto de resolução da reunião de hoje, que pede aos chanceleres da OEA seu "respaldo" perante "qualquer ato que possa transgredir o princípio da inviolabilidade de seu local diplomático no Reino Unido".