Papandreou: "As forças políticas se uniram para garantir ao povo grego que, nos próximos meses, será feito o necessário não só para permanecer na zona do euro, mas para honrar o acordo dos dias 26 e 27 de outubro" (Vladimir Rys/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2011 às 18h19.
Atenas - Os políticos gregos foram incapazes nesta quarta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, de chegar a um acordo para formar um governo de união nacional que aprove as medidas de austeridade associadas ao segundo resgate financeiro internacional, indispensável para evitar a quebra do país.
O ainda primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, chegou a afirmar mais cedo que as legendas tinham pactuado a formação de um novo Executivo, mas a informação acabou se revelando uma impressão do líder, pois a presidência do país anunciou que a decisão sobre o novo chefe de governo seria adiada para esta quinta-feira.
'As forças políticas se uniram para garantir ao povo grego que, nos próximos meses, será feito o necessário não só para permanecer na zona do euro, mas para honrar o acordo dos dias 26 e 27 de outubro', foi o anúncio de Papandreou, emocionado, no que parecia sua despedida definitiva do cargo.
Em seguida, o dirigente socialista se reuniu com o presidente da Grécia, Karolos Papoulias; com o líder da oposição, Antonis Samaras, da legenda conservadora Nova Democracia; e com o chefe do partido de extrema-direita LAOS, Giorgos Karatzaferis. Já os políticos comunistas e a coalizão de esquerda Syriza se negaram a participar do encontro.
Nesse encontro das forças parlamentares, previa-se que Papoulias anunciasse o nome do novo primeiro-ministro e comprovasse que o candidato possuía suficiente apoio no Legislativo. No entanto, as divergências não tardaram a surgir, quando Karatzaferis abandonou a reunião, negando-se a aceitar o presidente do Parlamento, Filippos Petsalnikos (socialista), como novo primeiro-ministro.
Segundo o canal de televisão 'NET', esse nome também foi rejeitado por deputados do Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), que o consideram próximo demais de Papandreou, em um gesto que confirma a rejeição política contra o ainda primeiro-ministro.
Petsalnikos foi um dos poucos pesos pesados do Pasok que apoiou abertamente a proposta de Papandreou de realizar um referendo sobre a aplicação do acordo de resgate financeiro, uma ideia que provocou uma revolta interna no partido governista e obrigou o primeiro-ministro a pedir um governo de união nacional.
Outro dos candidatos, o ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Lucas Papademos foi, por sua vez, questionado pela Nova Democracia, que rejeita sua exigência de que o novo governo tenha ministros dos dois grandes partidos e esteja ativo até junho, e não até fevereiro, para quando os conservadores querem eleições.
Muitos barões conservadores pressionaram Samaras a não apresentar ministros para o novo Executivo, que terá de aplicar duras e impopulares políticas de austeridade para cumprir as condições do acordo estabelecido com a União Europeia (UE) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no dia 26 de outubro.
'A Nova Democracia não será parte do problema. A responsabilidade de formar o novo governo é do partido que tem a maioria (parlamentar)', declarou Samaras após o anúncio de que as conversas serão retomadas nesta quinta-feira.
Andreas Lykurentzos, secretário-geral da Nova Democracia, declarou à imprensa que seu partido não apresentará ministros para esse governo.
Em relação à figura do novo primeiro-ministro, Samaras disse não ter problemas com nenhum candidato e afirmou estar 'aberto a tudo' para a reunião desta quinta-feira, marcada para as 10h locais (6h de Brasília).
A incapacidade da classe política grega para desbloquear a situação foi criticada nos bastidores da UE e do FMI, instituições fiadoras do acordo para evitar que a Grécia se torne vítima de sua própria dívida.
Nesta terça-feira, o comissário para Assuntos Econômicos e Monetários da UE, Olli Rehn, já tinha exigido aos líderes políticos gregos um compromisso por escrito de que cumpririam as medidas de cortes de gastos, privatizações e redução do setor público para honrar o acordo de resgate.