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Partido dos Trabalhadores do Curdistão quer acordo de paz com Turquia após décadas de conflito

Fundado em 1978 e considerado grupo terrorista pela Turquia e seus aliados ocidentais, partido vinha conduzindo uma insurgência contra Ancara, exigindo um estado curdo independente.

Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK): disposto a acordo de paz (Safin Hamed/AFP)

Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK): disposto a acordo de paz (Safin Hamed/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 1 de março de 2025 às 12h30.

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O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) declarou neste sábado (1º) um cessar-fogo contra a Turquia, em resposta ao apelo de seu líder preso, Abdullah Öcalan, para encerrar o conflito armado. A decisão pode representar o início do fim de uma guerrilha de quatro décadas, que já deixou pelo menos 40.000 mortos .

"Com o objetivo de abrir caminho para a implementação do pedido de Apo [tio, em curdo], declaramos um cessar-fogo a partir de hoje" , anunciou a Comissão Executiva do PKK, com sede no norte do Iraque.

PKK aceita pedido de dissolução feito por Öcalan

O PKK, fundado em 1978 e considerado grupo terrorista pela Turquia e seus aliados ocidentais, vinha conduzindo uma insurgência contra Ancara, exigindo um estado curdo independente. No entanto, em uma mensagem publicada pela agência ANF, ligada ao grupo, Öcalan pediu que o PKK "deponha as armas" e "se dissolva".

"Estamos de acordo com o conteúdo do apelo tal como está e declaramos que o respeitaremos e executaremos" , declarou o PKK em resposta.

Apesar da trégua, o grupo deixou claro que não aceitará ataques contra suas forças.

"Nenhuma de nossas forças realizará qualquer ação armada a menos que sejam atacadas" , afirmou o comunicado.

Erdogan vê oportunidade histórica para a paz

A trégua ocorre após quatro meses de negociações lideradas pelo DEM, principal partido pró-curdo da Turquia. O DEM visitou Öcalan três vezes em sua prisão na ilha de Imrali, onde o líder cumpre prisão perpétua desde 1999.

No dia seguinte ao discurso de Öcalan, o presidente Recep Tayyip Erdogan celebrou a declaração como uma "oportunidade histórica de destruir o muro do terror" e afirmou que monitorará a conclusão do processo.

O movimento do PKK vem em meio a mudanças no cenário regional. Analistas apontam que o grupo perdeu apoio externo, especialmente do regime sírio e dos EUA.

— O PKK não tem mais o apoio que teve do governo de Bashar al-Assad e possivelmente não pode mais contar com o suporte dos americanos no nordeste da Síria — afirmou Bayram Balci, pesquisador do CERI-Science Po.

Questão curda ainda permanece aberta

Mesmo com o cessar-fogo, líderes curdos alertam que a paz definitiva depende de ações concretas do governo turco.

"Não basta depor as armas. O governo deve demonstrar vontade política e aplicar os programas adequadamente" , disse Tuncer Bakirhan, do DEM.

O PKK também exige que Öcalan seja libertado e tenha liberdade de comunicação para conduzir o processo de dissolução do grupo.

— O chamado de Öcalan não é um fim, mas um novo começo — declarou o PKK.

A situação agora depende da resposta de Ancara. Se o cessar-fogo for respeitado e negociado politicamente, a Turquia pode estar diante da sua maior oportunidade de paz com os curdos em décadas.

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