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Partido de Suu Kyi conquista maioria absoluta em Mianmar

Segundo os últimos resultados comunicados pela comissão eleitoral, a Liga Nacional para a Democracia (LND) obteve 348 cadeiras


	Vitória de Suu Kyi: na véspera, os militares asseguraram uma transição pacífica no país
 (Jorge Silva / Reuters)

Vitória de Suu Kyi: na véspera, os militares asseguraram uma transição pacífica no país (Jorge Silva / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2015 às 09h05.

O partido da opositora Aung San Suu Kyi obteve nesta quinta-feira a maioria absoluta no novo parlamento, o que permitirá que forme o próximo governo e inicie uma mudança política histórica em Mianmar.

Segundo os últimos resultados comunicados pela comissão eleitoral, a Liga Nacional para a Democracia (LND) obteve 348 cadeiras e, por isso, será maioria, apesar da presença de um quarto de deputados militares não eleitos.

"Será um parlamento dominado pela LND. Poderá adotar todas as leis que quiser e não precisarão formar uma coalizão", comentou o analista político Richard Horsey.

Cinco anos depois de ser libertada de sua prisão domiciliar, Suu Kyi conseguiu um êxito que deixa poucos lugares para os demais partidos, em particular o partido no poder, herdeiro da junta militar que governou o país nas últimas décadas.

Apesar dos maus resultados de seu partido, os militares têm assegurada sua presença no parlamento graças a uma lei que lhes garanta 25% das cadeiras.

Também controlam o aparelho de segurança do país e alguns postos-chave, como os ministérios do Interior e da Defesa, cuja nomeação depende do comandante-em-chefe das Forças Armadas.

Por isso, Richard Horsey considera que, durante este período de transição, Suu Kyi deverá mostrar-se bem diplomática para com os militares.

Na véspera, os militares asseguraram uma transição pacífica no país.

O poderoso comandante do exército, Min Aung Hlaing, prometeu em uma mensagem no Facebook "cooperação com o novo governo durante o período pós-eleitoral" e felicitou o partido de Suu Kyi, algo parecido com o que já havia feito o presidente Thein Sein.

Reconciliação nacional

Mianmar está há mais de meio século sob o comando dos militares, primeiro sob a direção de uma junta e, desde 2011, com um governo em parte civil, mas dirigido por aliados dos generais.

Uma vez eleito, o Parlamento escolherá no início de 2016 o próximo presidente. Aung San Suu Kyi não poderá ser chefe de Estado porque a Constituição birmanesa veta o cargo às pessoas que têm filhos de nacionalidade estrangeira, como é o caso da Nobel da Paz, que no entanto já advertiu que estaria "acima" do posto.

Entre os nomes citados para ocupar a presidência está o de Shwe Mann, ex-general que também é porta-voz parlamentar, um candidato próximo ao USDP (partido do atual governo), mas que perdeu a vaga de deputado nas eleições.

Muitos eleitores da NLD mantêm a desconfiança do exército e de seus colaboradores. Em 1990, o partido venceu as eleições, mas a junta militar ignorou o resultado e reforçou seu poder.

Vinte e cinco anos depois, Suu Kyi defende a "reconciliação nacional" para que o país tenha uma transição pacífica para a democracia.

O primeiro passo da guinada democrática aconteceu em 2011 com a chegada ao poder de um governo parcialmente civil, que anunciou mais liberdades e obteve dos países estrangeiros a redução das sanções.

O presidente americano Barack Obama tem sido um dos maiores incentivadores do processo democrático no país e da figura de Aung San Suu Kyi.

Obama "ligou para o presidente Thein Sein para felicitá-lo por organizar eleições gerais livres e históricas", afirmou o ministro da Informação, Ye Htut.

Obama ligou ainda para Suu Kyi com o objetivo de parabenizá-la por sua vitória nas históricas eleições em seu país.

Os dois dirigentes enfatizaram a importância para todos os partidos birmaneses de "respeitar os oficiais assim que forem anunciados e trabalhar com um espírito de unidade que reflita a vontade do povo", segundo um comunicado divulgado nesta quinta-feira pela Casa Branca.

O presidente pediu às autoridades que lutem contra a intolerância religiosa e que promovam a democracia, além de ter recordado a situação dos muçulmanos rohingya, muitos deles excluídos do processo eleitoral.

No entanto, 'mãe Suu', como é conhecida a líder opositora, já anunciou que um governo democrático não tentará punir os abusos do passado.

Texto atualizado às 10h05.

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