Mario Monti, primeiro-ministro da Itália: retirada do PDL foi um gesto simbólico que não ameaçou diretamente a sobrevivência do governo tecnocrata de Monti (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 13h24.
Roma - O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, enfrenta nesta quinta-feira uma revolta da bancada do Partido da Liberdade (PDL), de seu antecessor no cargo, Silvio Berlusconi, o que elevou a tensão antes das eleições parlamentares antecipadas marcadas para o ano que vem. Os membros do partido de Berlusconi abandonaram o Senado durante a votação de uma moção de confiança em Monti.
A retirada do PDL, partido de centro-direita, foi um gesto simbólico que não ameaçou diretamente a sobrevivência do governo tecnocrata de Monti, mas demonstrou a profunda incerteza na política italiana antes da eleição prevista para março do ano que vem.
O Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, afirmou que a repetição da saída do principal partido de centro-direita na votação da outra moção de confiança, na Câmara Baixa do Parlamento, ainda nesta quinta-feira, iria indicar que Monti não possui o apoio da maioria no Parlamento.
Nesse caso, assinalou o PD, o presidente Giorgio Napolitano deveria marcar as eleições para antes da data prevista (março).
"Temos de ver se foi uma abstenção em apenas uma votação ou uma abstenção política mais ampla", disse a repórteres o líder do PD, Pier Luigi Bersani , antes de uma reunião com os líderes de todos os partidos representados no Parlamento, depois que o PDL abandonou a votação no Senado.
Em uma atmosfera política cada vez mais efervescente, Berlusconi deu uma forte indicação na noite de quarta-feira de que voltará atrás do que disse anteriormente e buscará na eleição um quinto mandato como primeiro-ministro.
Em uma entrevista na TV na quinta-feira, o ministro da Indústria, Corrado Passera, expressou forte objeção quanto ao retorno do bilionário de 76 anos que deixou o poder em meio a escândalos políticos e pessoais no auge da crise financeira da zona do erro, no ano passado.
"Tudo o que possa levar nossos parceiros ou o restante do mundo a imaginar que estamos voltando para trás não é algo bom para a Itália", declarou o ministro à TV estatal RAI.
Em resposta, os senadores do PDL preferiram optar por uma ação simbólica limitada em vez de se absterem ou votar contra a moção de confiança, o que levaria ao fim do governo de Monti, há um ano no poder.
O governo obteve com facilidade o voto de confiança no Senado, por 127 a 17, com 23 abstenções, mas a disputa teve impacto nos mercados financeiros, que temem a renovação das turbulências na terceira economia da zona do euro depois de encerrado o mandato de Monti.
As ações italianas ficaram no vermelho e os juros sobre os títulos do governo subiram em meio a rumores de que Monti poderia renunciar.
O líder do PDL no Senado, Maurizio Gasparri, afirmou que o partido sempre agiu com responsabilidade, mas ele não deixou claro se os parlamentares vão repetir o gesto na votação na Câmara Baixa.
Monti é amplamente apontado como o responsável pelo restabelecimento da credibilidade da Itália no mercado internacional desde que assumiu o lugar de Berlusconi, no ano passado. No entanto, ele depende do apoio tanto do PDL como do PD no Parlamento, numa aliança marcada por desentendimentos.