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Partido da Irmandade Muçulmana vence 1ª fase das eleições no Egito

Os primeiros resultados do pleito foram divulgados nesta quarta-feira, em meio a um processo caótico de apuração

No segundo dia da primeira etapa das eleições egípcias, a praça continuou interditada ao tráfego e os manifestantes lutam para que o ânimo não diminua no local (Peter Macdiarmid/Getty Images)

No segundo dia da primeira etapa das eleições egípcias, a praça continuou interditada ao tráfego e os manifestantes lutam para que o ânimo não diminua no local (Peter Macdiarmid/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2012 às 14h06.

Cairo - O Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, foi o vencedor da fase inicial das eleições legislativas que definirão os representantes da Assembleia do Povo (Câmara Baixa) no Egito.

A legenda ficou na frente do salafista Al Nur e do liberal Bloco Egípcio. Os primeiros resultados do pleito foram divulgados nesta quarta-feira, em meio a um processo caótico de apuração. A Junta Eleitoral decidiu adiar até esta quinta-feira o anúncio do resultado oficial, pois ainda estão sendo contabilizados votos em alguns lugares e também dos egípcios que vivem no exterior.

Em comunicado, o PLJ assegurou que obteve mais de 40% dos votos na maioria das nove províncias onde se realizaram as eleições. O partido ganhou a lista fechada (na qual vota-se apenas na legenda) em Fayum, Mar Vermelho, Cairo e Asiut.

Na lista aberta, o PLJ afirmou que vários de seus candidatos foram os mais votados. O jornal estatal 'Al-Ahram' informou que o Partido Liberdade e Justiça e o Al Nour foram os dois primeiros em seis das nove províncias do país. Em Alexandria, a Irmandade Muçulmana conseguiu 41% dos votos, e os salafistas, 24 %.

No entanto, a porta-voz do Partido Social-Democrata Egípcio, Hala Mustafa, disse estar surpresa por estas informações, já que segundo seus dados, a legenda está em segundo em vários locais. Os sociais-democratas fazem parte do Bloco Egípcio.


A participação dos eleitores na votação foi de 85%. A apuração começou nesta terça à noite, após o fechamento da maioria das zonas eleitorais, com um princípio de desordem

Na escola Masr al Gidida Sanaueya, após terem passado a noite em vigília contando os votos, nesta manhã observadores e funcionários da zona eleitoral cochilavam sentados em cadeiras, ou tomavam chá enquanto um juiz encerrava a apuração.

Restos de comida e bebida se misturavam no chão a folhas de papel amassadas, onde os votos de quatrocentas urnas foram contabilizados um a um.

O observador Wesam Yunan explicou à Efe que a apuração terminou por volta das 4h (hora local) e disse que o maior problema foi a confusão e a falta de espaço na zona eleitoral.

Yunan garantiu que não observou nenhuma irregularidade, mas denunciou que algumas pessoas tentaram manipular o resultado final ao perceber que o vencedor da zona foi o liberal Amre Hamzawy.

'Membros de um partido religioso não gostaram do resultado e tentaram preencher cédulas em branco que tinham sobrado', reclamou, sem dizer, no entanto, de que partido político o grupo pertencia.

Outras testemunhas confirmaram esta informação, mas disseram que a presença dos observadores e de membros da polícia e do exército impediu que a fraude fosse consumada.

Como se não bastasse a confusão, professores de diversas escolas, que trabalharam como mesários, afirmaram que o governo não pagou o que foi prometido. 'Pediram para a gente ajudar na votação, mas agora não querem nos pagar, falaram para nós voltarmos em dois ou três dias', protestou o diretor do colégio Amaret Nasser, Adel Ibrahim.

Ele explicou que o governo prometeu pagar 350 libras egípcias (cerca de US$ 60) por dia de trabalho, tarifa superior ao que ganham lecionando (500 libras por mês).

Essa é a primeira votação no Egito após a queda de Hosni Mubarak. A próxima etapa do pleito será realizada entre 5 e 6 de dezembro, quando os cidadãos escolherão entre os candidatos que não obtiveram pelo menos 50% dos votos.

Além disso, o restante das províncias do país irá votar para escolher os representantes da Câmara Baixa nos próximos meses, num processo eleitoral que só terminará em janeiro, quando começará a votação para a Câmara Alta. EFE

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