Brexit: o backstop visa proteger a fronteira da Irlanda com a Irlanda do Norte (Robin Pope/Getty Images)
EFE
Publicado em 13 de setembro de 2019 às 11h00.
Londres — O Partido Democrático Unionista (DUP, pela sigla em inglês) da Irlanda do Norte descartou nesta sexta-feira diminuir as exigências sobre o 'backstop' ou salvaguarda irlandesa, para facilitar que o governo do Reino Unido chegue a um acordo para a saída da União Europeia.
A líder da legenda, Arlene Foster, desmentiu no Twitter uma notícia publicada pelo jornal "The Times", da aceitação, à revelia de um eventual acordo entre britânicos e o bloco comunitário, que a Irlanda do Norte tivesse um regime diferenciado ao restante do Reino Unido, mais alinhado com o mercado único europeu.
O "The Times", que cita fontes anônimas, diz que o principal partido norte-irlandês concordaria também com controles de alfândegas no mar da Irlanda, algo que se opunha, por considerar que separaria "política e economicamente" o país.
"O Reino Unido deve sair como uma só nação. Desejamos um acordo sensato, mas não um que divida os mercados internos do Reino Unido. Não apoiaremos nenhuma disposição que crie uma barreira para o comércio entre leste e oeste", escreveu Foster.
"As fontes anônimas levam a notícias sem sentido", completou.
O porta-voz do partido sobre o Brexit, Sammy Wilson, garantiu à emissora de televisão "BBC" que apesar da rejeição por um regime diferente, o DUP poderia aceitar regulações específicas, que facilitem o comércio além da fronteira com a Irlanda, se fossem aprovadas pelo governo, que está suspenso.
Segundo o "The Times", em troca das concessões da Irlanda do Norte, a União Europeia voltaria atrás no empenho de, como salvaguarda para proteger o mercado único, o país, ou até todo o Reino Unido, seguisse na união aduaneira.
A chamada salvaguarda irlandesa, que só entraria em vigor enquanto não fosse firmado acordo entre britânicos e o bloco, visa proteger a única fronteira terrestre com o mercado único, que tem com a Irlanda, sem a necessidade de existir uma fronteira física, o que ainda prejudicaria o processo de paz.
Essa cláusula foi o que impediu o Parlamento aprovar o acordo de saída negociado com a União Europeia, pela antiga primeira-ministra, Theresa May, que dependia dos votos do DUP para governar.
Nos últimos dias, a imprensa especulou que o novo chefe de governo, Boris Johnson, poderia estar disposto a aceitar uma salvaguarda que só afetasse a Irlanda do Norte e não, como foi acordado com Bruxelas, a todo o Reino Unido.
Na última quarta-feira, no entanto, o líder conservador descartou a opção, ao afirmar que "a salvaguarda deve ser eliminada" para que possa ser assinado um novo tratado de saída.
"Também não aceitaremos uma que afete só a Irlanda do Norte. Devemos sair completa e integralmente, e resolver os problemas sobre a fronteira da Irlanda do Norte. Tenho certeza que podemos fazer isso", disse Johnson.
O primeiro-ministro garante que a prioridade é chegar a um acordo de saída com a UE, mas insiste que, se for possível, o Reino Unido sairá totalmente do bloco na data prevista de 31 de outubro, apesar de uma lei impede o Brexit sem acordo.