Eleitor vota durante o primeiro turno da eleição presidencial da Colombia, em Caloto (Jaime Saldarriaga/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2014 às 23h01.
Bogotá - A divisão nas fileiras do Partido Conservador da Colômbia provocará a repartição dos votos entre os dois candidatos participantes do segundo turno da eleição presidencial, Óscar Iván Zuluaga e o presidente-candidato, Juan Manuel Santos, como ficou provado em vários compromissos selados nesta quarta-feira.
O primeiro acordo foi fechado entre a bancada conservadora do Congresso e Santos, e o segundo entre a facção do partido liderada pela ex-candidata presidencial Marta Lucía Ramírez e Zuluaga, acompanhada pelas 'bases' do Partido Conservador.
Após uma longa reunião, Ramírez e Zuluaga compareceram junto com os porta-vozes de seus respectivos partidos em entrevista coletiva para anunciar a adesão de '38 parlamentares conservadores' à campanha do movimento Centro Democrático e a incorporação de seus dois programas eleitorais em cinco pontos.
Zuluaga é apoiado pelo ex-presidente colombiano e senador eleito Álvaro Uribe (2002-2010), líder do Centro Democrático.
Os pontos estipulados por Zuluaga e Ramírez são a justiça, a saúde, a educação, a segurança e o pleno emprego, assim como um compromisso para 'dar uma oportunidade à paz e a estes diálogos' com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mas 'sem recrutamento de crianças, sem minas antipessoais e com justiça', comentou a ex-candidata.
Por outro lado, outros 47 congressistas conservadores, entre senadores e representantes da Câmara baixa, assinaram uma carta de apoio a Santos na qual argumentam que essa aliança aposta no processo de paz.
O senador Efraín Cepeda disse que 'como partido de ordem' a coletividade conservadora só pode respaldar a paz 'porque isso se traduzirá em maior bem-estar dos colombianos', o que Santos agradeceu ao considerar que em 15 de junho, data do segundo turno, obterá então um apoio 'contundente'.
O Partido Conservador fez parte da coalizão governista da Unión Nacional durante os quatro anos do governo de Santos, mas na convenção de janeiro deste ano sofreu uma mudança de rumo na qual se decidiu não respaldar a reeleição do presidente-candidato, mas apresentar uma candidata própria.
Ramírez foi escolhida nessa ocasião em defesa dos princípios próprios do Partido Conservador, mas teve que fazer uma campanha 'em marcha reduzida' porque seus companheiros congressistas impugnaram sua candidatura perante o Conselho Nacional Eleitoral, que demorou três meses para confirmá-la.
No entanto, o resultado foi positivo pois a conservadora terminou o primeiro turno de domingo passado como a terceira candidata mais votada com 1.995.698 votos (15,52%), atrás de Zuluaga (29,25%) e de Santos (25,69%).
Além disso, no mesmo domingo, em seu discurso de vitória, Zuluaga abriu a porta a uma coalizão com Ramírez, pois, além de compartilhar visões de segurança e uma postura contrária à abordagem de paz de Santos, têm uma estreita relação com Uribe.
Por outro lado, os outros dois candidatos presidenciais cujo respaldo está em disputa, que são o verde Enrique Peñalosa e a esquerdista Clara López, que obtiveram 1.065.142 votos (8,28%) e 1.958.414 (15,23%), respectivamente, tomaram distintas decisões.
Peñalosa deu nesta quarta-feira 'liberdade' aos eleitores do Alianza Verde para que apoiem a candidatura que prefiram com uma só recomendação: 'É essencial a continuação e culminação das conversas de Havana e não fazê-lo seria um erro histórico', enfatizou.
'Decidimos não expressar apoio público a nenhum dos dois candidatos em disputa. Convidamos cada um de nossos eleitores a votar pela alternativa que melhor interprete os princípios e propostas programáticas da aliança verde e cidadã', acrescentou Peñalosa.
Enquanto isso, o partido de López, o Polo Democrático Alternativo (PDA), definirá nesta quinta-feira em reunião se a escolha é pela paz de Santos ou pelo voto em branco, que no segundo turno já não terá validade jurídica alguma.