Bandeira da Rússia atrás de policiais que fazem guarda durante protesto na Ucrânia: foram registrados pequenos distúrbios (Baz Ratner/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2014 às 14h14.
Kiev - Milhares de partidários da Rússia e da Ucrânia estão fazendo um protesto hoje em frente à Rada Suprema (Parlamento) da península da Criméia (região autônoma do país), que analisa nesta quarta-feira se apoiará as novas autoridades de Kiev.
Manifestantes tártaros (pró-Ucrânia) gritam palavras de ordem e procuram impedir a realização da audiência em Simferopol (capital da Criméia), pois consideram que a maioria pró-Rússia irá propor a separação da região autônoma.
De acordo com a imprensa local, nas imediações do Parlamento local, onde desde ontem à noite foi hasteada uma bandeira russa, foram registrados pequenos distúrbios entre os dois grupos. Pelo menos uma pessoa ficou ferida
Os deputados têm dificuldades para chegar ao Parlamento e vários soldados estão localizados nas imediações.
A Rada Suprema da Criméia, de maioria russoparlante, debaterá nesta tarde se apoia as novas autoridades que assumiram o poder em Kiev após a destituição do presidente Viktor Yanukovich.
O Legislativo local é dominado pelos deputados prorrusos, já que os tártaros, que defendem a integridade territorial da Ucrânia, são minoria. Não está certo, no entanto, se o grupo irá se rebelar.
O presidente do Mejlis, a assembleia dos tártaros, Refat Chubarov, alertou para a adoção de decisões que desestabilizem a situação e ameacem a paz na autonomia peninsular.
Em sua opinião, o presidente do Parlamento local, Vladimir Konstantinov, decidiu convocar a sessão extraordinária "sob pressão de forças internas e externas que cultivam a ideia de separar a Criméia da Ucrânia", disse.
Em Sebastopol, cidade portuária onde existe uma base naval russa, Alexei Chali, o prefeito nomeado pelos manifestantes prorrusos que se concentram na praça central desde o fim de semana assumiu o poder.
Uma de suas primeiras decisões foi criar um centro antiterrorista para coordenar os órgãos de autodefesa da cidade diante de possíveis ameaças, em referência à chegada de ativistas nacionalistas.
Por enquanto, a polícia e grupos civis instalaram postos de controle nos acessos à cidade para impedir a entrada de carros e ônibus suspeitos.
O ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, viajou na segunda-feira para a Criméia para tentar acalmar os ânimos.
No domingo, mais de 50 mil pessoas saíram às ruas no porto de Sebastopol para protestar contra as novas autoridades de Kiev.
Alguns analistas alertaram para a possibilidade de que, após a deposição de Yanukovich como presidente, regiões prorrusas do leste do país proclamassem sua desobediência às novas autoridades e iniciassem um processo separatista.
*Atualizada às 10h58 do dia 26/02/2014