Sudão do Sul: na assinatura do acordo estiveram presentes tantos representantes da facção rebelde liderada por Riek Machar como do governo de Salva Kiir (Spencer Platt/Getty Images)
EFE
Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 07h53.
Adis-Abeba - O governo e a oposição armada do Sudão do Sul assinaram um acordo de cessar-fogo, em uma última tentativa de parar a guerra civil que assola o país desde 2013, durante o fórum da Autoridade Intergovernamental para Desenvolvimento no Leste da África (IGAD), que continua nesta sexta-feira na Etiópia.
Segundo informaram fontes oficiais, o pacto foi alcançado nas últimas horas de quinta-feira e permitirá às organizações humanitárias chegar aos civis que precisam de ajuda.
Na assinatura do acordo, que implica na cessação das hostilidades, estiveram presentes tantos representantes da facção rebelde liderada por Riek Machar como do governo de Salva Kiir.
"O acordo marca um crítico primeiro passo nos esforços para pôr fim a um conflito sem sentido e ao massacre que esteve se desenvolvendo no Sudão do Sul desde 2013", afirmou o presidente da comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, em comunicado.
"Embora demos as boas-vindas a este primeiro passo, o presidente da comissão enfatiza que o verdadeiro teste para a autenticidade dos compromissos das partes reside na plena e efetiva implementação da sua promessa de pôr fim à violência e sustentar os princípios mais básicos do direito humanitário internacional", acrescentou.
A UA, participante nesta sessão de negociações, enfatizou também que o povo do Sudão do Sul "suportou muita dor e sofrimento" e que tem muitas "expetativas" postas na real implementação do acordo.
"Precisam e merecem desesperadamente um respiro da guerra, especialmente na entrada desta temporada festiva de Natal, e olham com uma renovada esperança para o Ano Novo", completou o organismo africano.
O chamado Fórum de Revitalização de Alto Nível da IGAD, que acontece a portas fechadas, começou no último domingo e reúne também vários ministros de Relações Exteriores dos países-membros, organizações internacionais, regionais e outros órgãos interessados em recuperar o estancado processo de paz.
Esta rodada de diálogos era vista como uma "última oportunidade" para a paz no país, segundo tinham descrito vários de seus participantes, como os representantes da União Europeia, da UA e do governo etíope.
O Sudão do Sul está afundado em uma guerra civil que explodiu em dezembro de 2013 entre as forças do presidente Kiir da etnia dinka, e as do então vice-presidente, Riek Machar, da tribo nuer.
Ambas partes já assinaram um acordo de paz em agosto de 2015 que levou à criação de um governo de unidade nacional, mas em julho de 2016 rebrotou a violência.
O conflito causou milhares de mortes e levou o país à beira de uma crise de fome, com 7,6 milhões de pessoas necessitadas de ajuda, seis milhões sem acesso a alimentos suficientes e quatro milhões de deslocados.