Nicolás Maduro: eleições, nas quais presidente foi reeleito, não foram reconhecidas pela oposição e grande parte da comunidade internacional (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de agosto de 2018 às 19h05.
O Parlamento venezuelano, de maioria opositora, rejeitou nesta terça-feira (7) "as vias violentas" para substituir o governo de Nicolás Maduro, a quem exigiram uma investigação imparcial sobre um atentado do qual ele alega ter sido alvo.
Três dias depois de Maduro acusar a oposição de estar por trás de uma "tentativa de magnicídio" com dois drones carregados com explosivos, o Legislativo reiterou seu "compromisso com uma mudança política urgente que permita responder à grave crise econômica e social" que o país vive.
No entanto, esclareceu que "rejeita as vias, violentas ou não, que se afastem dos alinhamentos estabelecidos na Constituição", segundo comunicado lido no plenário.
A Assembleia exigiu "uma investigação séria, objetiva, imparcial e conclusiva que alcance informação correta" sobre os atos ocorridos no sábado, quando duas explosões forçaram a evacuação de Maduro de um ato militar em Caracas.
O governo e a Procuradoria asseguraram que se tratou de um ataque contra o presidente socialista com dois drones carregados com um quilo de explosivo C4 cada um.
Seis pessoas foram presas por vínculos com o fato. Suas identidades não foram reveladas. Maduro acusou o ex-presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, de estar por trás do ataque.
"Infelizmente, um regime que usa a propaganda e a desinformação como métodos sistemáticos não tem nenhuma credibilidade", criticou o Parlamento.
Os deputados ratificaram "seu compromisso a favor de soluções políticas, institucionais e pacíficas para a atual crise", e responsabilizaram o governo e a governista Assembleia Constituinte - que rege o país - pela violência na Venezuela.
"Contribuíram para agravar a crise econômica e social, bloqueando mecanismos constitucionais que permitiriam uma efetiva solução pacífica", indicaram os legisladores.
A Constituinte antecipou as eleições para 20 de maio - tradicionalmente são celebradas em dezembro -, o que foi rejeitado pela opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), alegando que não havia garantias de transparência.
As eleições, nas quais Maduro foi reeleito até 2025, não foram reconhecidas pela oposição e grande parte da comunidade internacional, que a considera ilegítimas.
O Parlamento denunciou, ainda, que o governo pretende aproveitar o incidente com os drones para "insistir na perseguição política" contra a oposição.
"Reiteramos que a luta política dos venezuelanos deve estar orientada (...) a conquistar eleições livres, com plenas condições, com observação internacional", ressalta o comunicado.