Parlamento alemão: se a Grécia cumprir com as condições estipuladas no acordo, sua economia pode voltar ao caminho do crescimento, defendeu o ministro das finanças (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2015 às 08h36.
Berlim - O parlamento alemão (Bundestag) deu nesta quarta-feira sinal verde ao terceiro resgate para a Grécia por 454 votos a favor frente a 113 contra e 18 abstenções, apoiado por uma grande maioria da coalizão da chanceler Angela Merkel e apesar de algumas expulsões dentro de suas fileiras conservadoras.
O ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, tinha aberto a sessão pedindo o apoio ao pacote -que prevê um volume máximo de 86 bilhões de euros para os próximos três anos-, com o argumento de que só assim poderá voltar a crescer a economia helena.
Os ajustes são "irrenunciáveis, sobretudo dentro da União Monetária", advertiu o ministro, máximo representante do setor mais duro contra Atenas no Eurogrupo.
Se a Grécia cumprir com as condições estipuladas no Memorando de Entendimento, sua economia pode voltar ao caminho do crescimento, reduzir suas dívidas progressivamente e criar emprego, argumentou.
A decisão de apoiar um terceiro resgate para a Grécia, reconheceu o titular de Finanças alemão, não é fácil, especialmente "após a experiência dos últimos meses", em referência às diferenças com o governo do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
"Não está fácil, mas está em jogo a construção e a estrutura da união monetária", disse Schäuble, que incidiu na rejeição que o resgate cria em suas próprias fileiras conservadoras, ao qual a Alemanha deve contribuir com 23,2 bilhões de euros.
Na votação repetiu o ocorrido na de 17 de julho, quando o parlamento deu sinal verde à abertura de negociações para o pacote e onde 60 deputados do grupo conservador de Merkel -com um total de 331 cadeiras- rejeitaram a proposta.
Apesar disso, tanto então como agora a proposta obteve um amplo respaldo, já que a grande coalizão de Merkel controla 80% da câmara.
Por parte da oposição, os Verdes também apoiaram o resgate, enquanto A Esquerda votou contra ou se absteve.
Schäuble lembrou em seu discurso que desde que explodiu a crise tinham criado os "mecanismos necessários" para fortalecer o euro e disse que estes tinham dado seus frutos em países como a Irlanda e Espanha.
Junto a isso, indicou o ministro, percebe-se uma "mudança fundamental" na Grécia, fruto das intensas negociações e da evolução dos eventos nos últimos meses.
Por isso, e apesar de haver "boas razões" para desconfiar e votar contra, advogou por dar sinal verde ao terceiro resgate heleno.
Apesar de, segundo Schäuble, "não haver garantias de que tudo vai funcionar", seria "irresponsável não permitir um novo começo para a Grécia", concluiu o homem forte do governo de Merkel.