Reino Unido: com aprovação, Boris Johnson conseguiu superar crise política gerada pelo Brexit (Henry Nicholls/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de janeiro de 2020 às 15h15.
Última atualização em 9 de janeiro de 2020 às 16h49.
Londres — Parlamentares britânicos aprovaram nesta quinta-feira uma lei que permite ao Reino Unido deixar a União Europeia em 31 de janeiro com um acordo de saída, encerrando mais de três anos de tumulto sobre os termos da separação do país do restante do bloco.
A Câmara aprovou por 330 votos a 231 o projeto que implementa o acordo de saída fechado com o bloco europeu no ano passado.
A votação permite que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, vire a página na mais profunda crise política britânica em décadas, colocando fim aos temores de uma saída imediata e desordenada que colocou uma sombra sobre as perspectivas econômicas e incentivou divisões sobre o referendo de 2016 que levou à decisão de deixar o bloco.
"É hora de fazer o Brexit. Esse projeto faz isso", disse o ministro do Brexit, Stephen Barclay, a parlamentares, ao encerrar horas de debates no Parlamento.
O projeto vai agora para a câmara alta do Parlamento e deve se transformar em lei nas próximas semanas, dando tempo suficiente para permitir que o Reino Unido deixe a UE no final do mês com um acordo que minimize a ruptura econômica.
Os mercados financeiros passaram os últimos anos atordoados com as reviravoltas do drama britânico do Brexit, com suas negociações cáusticas em Bruxelas, votações apertadas no Parlamento e derrotas pesadas de governos instáveis.
Mas depois que Johnson convocou uma eleição antecipada no ano passado e conseguiu uma maioria ampla prometendo concretizar o Brexit no final de janeiro, a incerteza sobre quando e como o Reino Unido sairá da UE diminuiu em grande parte.
O foco se voltou para as conversas iminentes sobre os arranjos de longo prazo com a UE que começarão quando um período de transição --durante o qual o Reino Unido continua sujeito às regras da UE-- terminar em 31 de dezembro.
Johnson insiste que o acordo de livre comércio que ele deseja pode ser negociado a tempo, mas suas contrapartes da UE estão menos convencidas sobre isso.
Na quarta-feira, o premiê se encontrou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Londres horas antes de ela fazer um discurso no qual disse que será "basicamente impossível" acertar tudo até o final do ano.
Os oponentes de Johnson, muitos dos quais argumentaram na tentativa de deter o Brexit ou dar mais uma votação ao público, dizem que sua abordagem cria o risco de se repetir no final de 2020 a falta de acordo já vista antes.
Mas Von der Leyen indicou que, mesmo que um acordo completo não possa ser negociado a tempo, as partes mais importantes e potencialmente desestabilizadoras podem ser priorizadas.