Linha de transmissão na Usina de Itaipu: novo sistema deverá aumentar a capacidade de energia recebida pelo Paraguai (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2013 às 16h58.
São Paulo - O sistema de transmissão que permitirá ao Paraguai receber mais energia da hidrelétrica de Itaipu entrará em operação em setembro, mas não há expectativa de aumento brusco no volume da energia para o país vizinho.
O sistema, que inclui linha de transmissão de 347 quilômetros de extensão, vai elevar em 1.200 megawatts (MW) a capacidade de recepção de energia pelo Paraguai, mas o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, disse que o aumento imediato de utilização de energia da usina pelo Paraguai deve ser de 200 MW, o que não prejudica o planejamento para abastecimento do Brasil.
"Esse crescimento já está dentro do previsto...Essa linha vai dar uma sobrevida por um período de 4, 5 ou 6 anos para o Paraguai, com o crescimento que, todo ano, pode aumentar na faixa dos 200 a 300 MW", disse Samek, em entrevista à Reuters.
"Esse é um crescimento que a gente considera natural, vendo o processo de aumento do PIB paraguaio", acrescentou, ao considerar um crescimento anual de cerca de 11 por cento da economia paraguaia para os próximos anos.
Com 14 mil MW de capacidade instalada, a hidrelétrica Itaipu pertence a Brasil e Paraguai e cada país tem direito a 50 por cento da energia produzida pela usina. Atualmente, o Paraguai utiliza, em média, menos de 10 por cento do total de energia produzida pela usina e vende o restante de sua parte ao Brasil.
Com o novo sistema de transmissão, o Paraguai terá reduzidos os gargalos na infraestrutura de transporte da energia e poderá usar mais energia principalmente no horário de pico, quando o consumo de energia do país é de cerca de 2,5 mil MW.
Todo ano em setembro, o Paraguai avisa o Brasil quanto pretende usar de energia da usina no ano seguinte. De 2012 para 2013, o aumento previsto foi de 8 por cento, disse Samek em janeiro.
No ano passado, o governo paraguaio disse que pretendia passar a utilizar mais energia de suas usinas binacionais, tanto com o Brasil quanto com a Argentina. Mas a maior utilização depende também do desenvolvimento industrial do país.
Atualmente, Itaipu já atende o equivalente a 72,5 por cento do consumo paraguaio, segundo informações da empresa a cuja metade brasileira é parte do grupo Eletrobras. O país ainda usa energia da usina própria Acaray (200 MW) e de Yacyretá (3.100 MW), dividida com a Argentina.
Samek disse que já esteve com o presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, que se mostrou "muito favorável à integração" entre os países por meio da usina e no desenvolvimento industrial do país vizinho.
O executivo não acredita que o tratado sobre a usina será desrespeitado e acrescentou que, caso o Paraguai precise de um aumento muito grande no volume de energia, tem que avisar com antecedência. "Há um escalonamento (de tempo de antecedência) que precisa avisar para o outro país se programar...Se o Paraguai avisa, obviamente, o Brasil vai ter que buscar uma nova fonte", disse.
Samek acrescentou que a hidrelétrica Itaipu tem quebrado recordes de produção de energia. No ano passado, a usina produziu 98,3 milhões de megawatts-hora e a meta é que produza 100 milhões de MWh neste ano.
A construção da linha de transmissão de 500 quilovolts (kV)que liga a usina à subestação de Villa Hayes, na Grande Assunção, estava prevista em compromisso assinado entre presidentes dos dois países em 2009.
As obras de reforço da transmissão no país foram financiadas pelo Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), com investimentos de cerca de 310 milhões de dólares.