Pessoa na frente de uma pichação que chama o vice-presidente paraguaio Franco de "golpista" (Jorge Adorno/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2012 às 23h02.
Assunção - O novo governo do Paraguai afirmou nesta quarta-feira que ordenou a retirada de seu embaixador na Venezuela após denunciar uma "grave intervenção" de funcionários venezuelanos nos assuntos internos do país.
A decisão foi tomada dias depois de a ministra da Defesa, María Liz García, acusar o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, de participar de uma reunião com altos chefes militares durante a definição do rápido impeachment do então presidente Fernando Lugo por mau desempenho.
A ministra paraguaia disse que tinha informação de que Maduro havia instado os militares a intervir para evitar que Lugo fosse retirado do poder. A ministra fez a declaração ao Ministério Público, que abriu uma investigação sobre o caso.
"Hoje de maneira oficial (a ministra) manifestou ao Ministério Público que a pessoa que forneceu o dado é o brigadeiro Christ Jacobs", disse a jornalistas a promotora Stella Cano. Jacobs se manteve no cargo de comandante da Força Aérea após a posse de Federico Franco, que era vice de Lugo. Maduro rejeitou as acusações na semana passada.
A chancelaria paraguaia afirmou que havia ordenado a retirada de seu embaixador "diante das graves evidências de intervenção por parte de funcionários da República Bolivariana da Venezuela em assuntos internos da República do Paraguai", sem dar mais detalhes.
Além disso, declarou como "persona non grata" o embaixador da Venezuela no Paraguai, José Arrúe De Pablo, que atualmente está fora do país.
O governo distribuiu na terça-feira a jornalistas um vídeo com imagens das câmeras de segurança do Palácio de Governo no qual se vê Maduro andando em um corredor. Outras imagens mostram os chefes militares caminhando no mesmo lugar. O vídeo, no entanto, não os mostra reunidos.
Maduro viajou ao Paraguai junto a uma delegação de chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) antes da definição do impeachment contra Lugo no Senado, buscando assegurar que o processo tivesse todas as garantias necessárias para a defesa do ex-presidente.
O processo de impeachment durou poucas horas e Lugo teve apenas duas horas para se defender.
A Unasul e o Mercosul, este último integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, suspenderam o Paraguai de seus fóruns por considerar que o país teve uma ruptura democrática.