Patriota: ministro disse que os chanceleres dos países do Mercosul não retornaram ao Paraguai desde a saída de Lugo (Antonio Cruz/Abr)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2012 às 20h52.
Rio de Janeiro - O retorno do Paraguai ao Mercosul pode acontecer antes das eleições presidenciais do país, marcadas para o ano que vem, caso os demais membros do bloco entendam que a democracia foi restabelecida, disse nesta sexta-feira o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota.
O Paraguai foi suspenso do bloco após um rápido processo em junho que destituiu o ex-presidente Fernando Lugo, acusado de mau desempenho. Argentina, Brasil e Uruguai, países que à época formavam o Mercosul, repudiaram a medida, retiraram seus chanceleres e suspenderam politicamente o país do bloco.
"A nossa expectativa é que o Paraguai retorne o mais pronto possível assim que seja retomada a vigência democrática... A manutenção do calendário eleitoral foi considerada positiva", disse Patriota a jornalistas após participar de um encontro com o ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro.
"Legalmente (o retorno) poderá ser a partir do momento que os membros decidirem. Pode ser a qualquer momento", afirmou ele.
Patriota disse que os chanceleres dos países do Mercosul não retornaram ao Paraguai desde a saída de Lugo, mas que os membros não precisam, necessariamente, aguardar a próxima reunião de cúpula do bloco, em dezembro em Brasília, para discutir a questão.
O chanceler brasileiro disse ainda que a suspensão temporária do Paraguai do Mercosul não tem causado prejuízos econômicos ao país vizinho, embora os paraguaios ameacem pedir indenização ao bloco. Segundo Patriota, o comércio bilateral entre Brasil e Paraguai aumentou nos últimos dois meses.
Almagro foi mais comedido ao comentar o possível retorno do Paraguai e disse esperar que o país "alcance a sua solução".
"O tempo pode curar... vem eleições e esperamos que elas tragam solução para o Paraguai", disse ele.
Voto na Venezuela
A Venezuela realizará no domingo eleições presidenciais. O presidente Hugo Chávez tentará uma nova reeleição após 14 anos no poder.
Países da Unasul enviarão representantes ao país para acompanhar o processo. O chanceler brasileiro e o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, serão enviados para observar o pleito.
"Esperamos que seja democrático, transparente e ocorra da melhor maneira possível", disse Patriota.
Chávez, que lidera a maioria das pesquisas de intenção de voto, enfrenta Henrique Capriles, candidato único da oposição.
A Venezuela foi incorporada oficialmente ao Mercosul em julho, em meio à suspensão do Paraguai, único país cujo Congresso não havia aprovado a adesão do novo membro.
Almagro havia criticado em entrevista a entrada venezuelana no bloco, dizendo ter sido uma imposição do Brasil. A declaração causou um mal-estar diplomático, mas, nesta sexta-feira, o chanceler uruguaio recuou.
"O ingresso da Venezuela dará benefício mútuo. Estamos fortalecidos. A Venezuela é um sócio estratégico, chave, complementar à economia do Uruguai", disse Almagro. "Muitas empresas foram revitalizadas por investimentos da Venezuela que é nosso quarto sócio comercial. O ingresso revitaliza e é chave para nós", completou.