Bandeiras do Mercosul: Paraguai discorda com a entrega da presidência do bloco à Venezuela (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2016 às 21h03.
O Paraguai não irá à reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul no próximo sábado, 30 de julho, em Montevidéu, por discordar com a entrega da presidência à Venezuela, anunciou o chanceler Eladio Loizaga nesta terça-feira.
O alto funcionário garantiu que Brasil e Argentina também vão anunciar sua ausência na reunião de sábado.
"Queremos que a Venezuela encontre a via mais conveniente para a solução de seus problemas internos", disse Loizaga a jornalistas ao anunciar a decisão, pouco depois de se reunir com o presidente Horacio Cartes no Palácio de Governo.
"Há uma resolução, a 28 do ano de 2005, onde se estabelecem as condições para os Estados em adesão ao protocolo de Assunção, e entre eles está a incorporação do acordo de complementação econômica 18, acordo com o qual se notifica o Mercosul, que a Venezuela ainda não incorporou", explicou.
O chanceler acrescentou que o país caribenho também não incorporou o protocolo de Assunção sobre os Direitos Humanos. "Há um DNA democrático que tem que ser preservado", disse.
A passagem da presidência pro tempore de seis meses, que segundo a norma interna corresponderia agora à Venezuela, se transformou em motivo de discussão e expôs divergências entre os governos que integram o Mercosul.
Loizaga argumenta que enquanto durar a crise política na Venezuela, a presidência do bloco deverá continuar nas mãos do Uruguai.
"É um momento difícil para o Mercosul, mas devemos tomar uma posição", afirmou Loizaga, que lembrou que no bloco "tudo tem que ser decidido por consenso".
O chanceler paraguaio criticou o Uruguai por ter anunciado sem consultar o restante dos membros a entrega da presidência rotativa ao presidente venezuelano Nicolás Maduro, "sem convocar uma cúpula de presidentes".
O Uruguai reafirmou sua vontade de passar a presidência à Venezuela, apesar da oposição de Brasil, Paraguai e Argentina, expressa em uma reunião no dia 11 de julho em Montevidéu.
O Brasil quer que a questão seja adiada até agosto.