Itaipu: Como o Paraguai satisfaz sua demanda com apenas 5% da eletricidade de Itaipu, o restante acaba no Brasil (Divulgação/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2012 às 20h32.
Brasília - O embaixador Tovar Nunes, porta-voz da Chancelaria do Brasil, afirmou nesta quinta-feira que seu país ''paga'' pela energia da represa de Itaipu e que o Paraguai ''não a cede'', como disse ontem o presidente do país, Federico Franco.
''Não existe cessão de energia, ela é comprada. Essa energia, o Brasil não tem de graça'', declarou o porta-voz, citado pela Agência Brasil (oficial), em alusão à eletricidade gerada pela represa binacional de Itaipu.
As declarações do presidente Franco tiveram uma grande repercussão no Brasil, sobretudo por sua afirmação de que o Paraguai decidiu de forma ''clara'' que seu país ''não continuará cedendo'' energia.
''Notem que usei a palavra ''ceder'', porque o que estamos fazendo é dar energia para o Brasil e a Argentina, pois não a estamos vendendo'', disse Franco segundo versões publicadas pela imprensa brasileira.
Tovar lembrou que tudo relacionado à represa de Itaipu está regulado por um tratado, segundo o qual Brasil e Paraguai têm direito, cada um, a 50% da eletricidade gerada, que estabelece claramente que a energia não utilizada deve ser vendida ao outro sócio.
Como o Paraguai satisfaz sua demanda com apenas 5% da eletricidade de Itaipu, o restante acaba no Brasil, que desde 2011 paga por essa energia cerca de US$ 360 milhões (R$ 729,612 milhões) ao ano.
O preço foi triplicado neste ano, após longas negociações lideradas pelo então presidente Fernando Lugo, que já tinha feito desse aumento uma bandeira desde a campanha eleitoral que o levou ao poder em 2008.
O porta-voz disse ainda que o Brasil ''Não há conhecimento de que se pretenda fazer ajustes'' e que não recebeu ''nenhuma comunicação oficial'' sobre a suposta ''decisão'' de Franco, que de ser formalizada deveria ser ''negociada'' por ambos os países.
O Brasil mantém praticamente congeladas suas relações com o Paraguai desde a destituição de Lugo, em junho passado, e promoveu a suspensão temporária desse país do Mercosul, bloco que também é integrado por Argentina e Uruguai.