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Paraguai investe para se tornar gigante do comércio fluvial

Com a crescente produção de soja e carne bovina, o país vem investindo há anos em infraestrutura e transporte por hidrovias, para fortalecer o comércio


	Rio Paraguai: a expansão econômica paraguaia não deve afetar tanto o mercado brasileiro, cuja capacidade de produção, assim como seu desenvolvimento fluvial, supera a do país
 (Wikimedia Commons)

Rio Paraguai: a expansão econômica paraguaia não deve afetar tanto o mercado brasileiro, cuja capacidade de produção, assim como seu desenvolvimento fluvial, supera a do país (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2015 às 17h23.

São Paulo - Com produção de grãos equivalente a menos de 10% do que é realizado no Brasil, o Paraguai tomou a frente na América do Sul com a taxa de crescimento mais alta do continente em 2014, de 4%, e agora aposta na modernização de hidrovias para fortalecer o comércio fluvial.

Um terço do crescimento econômico paraguaio depende da indústria agrícola baseada quase exclusivamente em produção de soja e carne de bovina.

Para exportar esses produtos, o país investe há anos em infraestrutura e transportes, principalmente por via fluvial, o que se tornou uma nova alternativa para o fluxo das exportações da América do Sul, inclusive do mercado brasileiro.

O Brasil despacha pelos rios paraguaios uma grande quantidade de açúcar da cidade de Dourados (MS), segundo constatou um estudo da Expedição Safra Gazeta do Povo.

Os paraguaios "são muito audazes. Estão investindo para poder duplicar a capacidade do porto e 'roubar' carga do Brasil", explicou à Agência Efe o coordenador da expedição, Giovanni Ferreira.

De acordo com Ferreira, "antes (os paraguaios) levavam as cargas ao Brasil através do porto de Paranaguá e agora querem ir com a carga brasileira e navegar pelo rio Paraguai até os portos argentinos".

Segundo o coordenador do projeto, o Paraguai está investindo fortemente não só nas vias fluviais, mas também na concessão de estradas e em fazer alianças público-privadas para ampliar o acesso aos portos fluviais com o objetivo de duplicar a capacidade de transporte de grãos pelo rio Paraguai.

"Os portos ao longo do rio Paraguai se encontram em regiões muito urbanas, por isso o país reconhece a necessidade de criar melhores acessos para aumentar o volume de caminhões que chegam a eles", analisou Ferreira.

Nos últimos dez anos, a frota fluvial paraguaia aumentou de 15 rebocadores e cem barcas para 150 e 3.000, respectivamente, tornando-se assim a terceira maior do mundo.

Dessa forma, o Paraguai começou a criar uma estrutura fluvial que serve tanto à indústria agrícola como a todos os demais setores de sua economia, que exportam e importam através dos portos argentinos, principalmente, e brasileiros.

O desenvolvimento fluvial também contribuiu para a logística de importação. Entre os produtos mais demandados no mercado interno paraguaio se destaca o cimento, cujo consumo superou a capacidade de produção do país e cuja importação é realizada de maneira cada vez mais fácil devido à rede fluvial.

"Hoje em dia se traz cimento pelo rio. As barcas que descem para a Argentina transportam grãos e retornam carregadas com produtos para abastecer o mercado interno", disse Ferreira.

Mesmo assim, o coordenador da expedição insistiu no fato de que a expansão econômica paraguaia não deve afetar tanto o mercado brasileiro, cuja capacidade de produção, assim como seu ainda incipiente desenvolvimento fluvial, supera a do Paraguai.

A capacidade de exportação do Brasil, que na colheita 2014-2015 vendeu ao exterior mais de 12 milhões de toneladas de grãos através de seus portos na região norte, onde parte da carga exportada chega por vias navegáveis dos rios Madeira e Amazonas, é maior que o dobro da dos vizinhos paraguaios.

Levando em conta os investimentos feitos pelo Brasil em vias fluviais, a previsão da Expedição Safra é que este volume superará as 29 milhões de toneladas em 2020.

"O Paraguai não deixa de ser uma alternativa logística para o Brasil, mas só para uma quantidade muito pequena em relação ao volume das exportações do Brasil", afirmou Ferreira. 

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