O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, na solenidade de posse de sua equipe ministerial (Marcello Casal Jr./ABr)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2012 às 19h21.
Assunção - O governo do Paraguai anunciou nesta sexta-feira que brigará para voltar ao Mercosul, recorrendo ao Tribunal Permanente do bloco, assim como para revisar a incorporação da Venezuela, e a acusou novamente de ''intromissão'' em seus assuntos internos.
Duas semanas após assumir o poder, o novo presidente do país, Federico Franco, compareceu nesta sexta-feira junto com vários ministros a uma entrevista coletiva, que terá caráter quinzenal, para expor os avanços de sua gestão.
Foi o chanceler José Félix Fernández Estigarribia quem anunciou que na próxima semana recorrerá ao tribunal do Mercosul para apresentar ''os direitos do Paraguai, que foram desprezados''.
''Vamos iniciar ações legais perante o Tribunal Permanente'', com sede em Assunção, para ''restabelecer os direitos da República no Mercosul e analisar a incorporação da Venezuela, que nosso país considera não se ajusta ao direito internacional, nem aos tratados'', explicou.
O Mercosul suspendeu o Paraguai há uma semana, até as eleições previstas no país em abril de 2013, em uma cúpula na qual Brasil, Uruguai e Argentina aprovaram também o a entrada da Venezuela, bloqueada há anos no Senado paraguaio.
Esse bloco e também a Unasul ''puniram'' assim o governo de Franco pelo ''racha'' democrático que, como entenderam, foi representado pelo impeachment de Fernando Lugo como presidente em um acelerado ''julgamento político'' no Senado.
O novo governo mantém aberta a opção de abandonar a Unasul, como hoje reiterou Fernández, que junto com Franco evitou jogar muita lenha na fogueira da polêmica internacional, e depositou sua ''esperança'' no relatório que a OEA analisará na próxima segunda-feira e na missão que a UE enviará ao país.
Franco disse que não é ''prudente'' comentar as supostas declarações do presidente do Uruguai, José Mujica, sobre o vínculo do Partido Colorado com a tragédia de policiais e sem-terra de 15 de junho em Curuguaty - detonador da cassação de Lugo -, e da legenda com o narcotráfico.
Fernández Estigarribia questionou ainda se é o ''momento adequado'' para que o Legislativo revise o protocolo de Compromisso com a Democracia do Mercosul e a adesão da Venezuela.
Já Franco voltou suas baterias contra a Venezuela e o que qualificou como uma ''intromissão grosseira'' do chanceler do governo de Hugo Chávez, Nicolás Maduro. O governante reafirmou que ''houve contato (de Maduro) com os membros das Forças Militares'' do Paraguai, para instigá-las a se manterem leais a Lugo.
Houve ainda quem pegasse mais pesado, como o ''colorado'' Rogelio Benítez, que rotulou de ''psicopata'' o presidente venezuelano por denunciar nesta quinta-feira que senadores do Paraguai pediam subornos para desbloquear a entrada da Venezuela no Mercosul.
''Que diga onde, quem, quando'', exigiu Benítez, enquanto seu correligionário Juan Carlos Galaverna disse se inclinar pela ideia de que foi a Venezuela que ofereceu o dinheiro, segundo declarou a rádios de Assunção.