Rebeldes: eles esperam que uma América mais isolacionista dará mais lastro a países regionais (Ammar Abdullah/Reuters)
Reuters
Publicado em 18 de novembro de 2016 às 09h33.
Beirute/Amã - Às vésperas da vitória eleitoral de Donald Trump, membros de um grupo rebelde da Síria que tem apoio do Ocidente se reuniram com autoridades dos Estados Unidos para fazer perguntas sobre as perspectivas do envio de armas para combater o presidente sírio, Bashar al-Assad.
Ouviram que o programa irá continuar até o final do ano, mas que qualquer outra coisa irá depender do próximo governo norte-americano, segundo uma autoridade rebelde presente à reunião. Quando Trump assumir, em janeiro, a ajuda pode simplesmente acabar.
O presidente eleito deu sinais de se opor ao apoio dos EUA aos insurgentes e de uma reformulação na política para a Síria.
O programa de ajuda militar supervisionado pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) vem fornecendo armas e treinamento a rebeldes sírios moderados em coordenação com Turquia, Arábia Saudita, Catar, Jordânia e outros.
A iniciativa ajudou a reforçar os rebeldes, que combatem sob a bandeira do Exército Livre da Síria, em meio ao surgimento de grupos jihadistas ligados à Al Qaeda como uma força de destaque em uma guerra que se aproxima de seu sexto aniversário.
Autoridades norte-americanas não quiseram comentar quaisquer encontros com grupos insurgentes, e anteriormente tampouco comentaram o programa da CIA, dada sua natureza sigilosa.
Mas Trump deu a entender que pode abandonar os rebeldes para se concentrar em combater o Estado Islâmico, que controla territórios no leste e no centro da Síria. Ele pode até cooperar na luta contra o Estado Islâmico com a Rússia, aliado mais poderoso de Assad, que vem bombardeando os opositores de Damasco há mais de um ano no oeste sírio.
Em uma entrevista publicada na terça-feira, Assad disse que Trump será um "aliado natural" se decidir "combater os terroristas".
Os rebeldes estão olhando o lado positivo. Ele disseram que o auxílio derivado do programa dos EUA tem sido inadequado e que Washington impediu que a Arábia Saudita lhes desse armas mais poderosas.
Assim sendo, eles esperam que uma América mais isolacionista dará mais lastro a países regionais, permitindo que os sauditas forneçam os mísseis anti-aéreos que o presidente dos EUA, Barack Obama, vetou.
A autoridade rebelde disse não ter havido contato com funcionários dos EUA desde a vitória de Trump, mas que, se o apoio norte-americano acabasse e "esse veto caísse", isso seria um bom desfecho, afirmou.
"Todos estão analisando, há expectativas positivas, há expectativas negativas - mas nada está claro ainda", disse o representante dos insurgentes.