São Paulo - A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta terça-feira que é ético usar medicamentos e vacinas não testados para o tratamento de ebola durante o atual surto da doença na África ocidental, contanto que haja condições corretas para isso.
O comunicado da agência da Organização das Nações Unidas (OMS) foi feito em meio a um debate mundial sobre a ética médica a respeito da epidemia de ebola, que a OMS considerou uma emergência de saúde mundial.
Porém, a agência evitava questões importantes como quem deveria receber as drogas, cuja disponibilidade é limitada, e como deveria ser decidido quem seria medicado.
A declaração foi divulgada depois de a OMS ter realizado uma teleconferência na segunda-feira para discutir a questão.
A OMS diz que 1.013 pessoas morreram até agora no surto de ebola no oeste da África e autoridades registraram 1.848 casos suspeitos ou confirmados da doença.
O vírus mortal foi detectado na Guiné em março e desde então se espalhou para Serra Leoa, Libéria e possivelmente para a Nigéria.
Dois norte-americanos e um padres espanhol receberam o medicamento experimental para o tratamento de ebola, conhecido como ZMapp, que nunca havia sido testado em humanos.
Uma empresa de relações públicas britânica que representa a Libéria informou que o ZMapp chegaria no prazo de 48 horas ao país, onde será administrado em dois médicos liberianos que contraíram o vírus.
Eles serão os primeiros africanos a receber a droga, embora a doença tenha matado mais de 1.000 pessoas na Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria.
A grande maioria das vítimas do ebola são africanos e alguns países protestam contra o fato de seus cidadãos não terem acesso a medicamentos experimentais.
A OMS concluiu que é étimo usar tratamentos e vacinas experimentais neste surto de ebola.
Não há evidências de que essas drogas experimentais efetivamente ajudem a combater o ebola e existe até a possibilidade de que sejam prejudiciais.
Ainda assim, a doença tem uma taxa de mortalidade muito alta, de cerca de 50%, segundo a ONU, o que acrescenta urgência na busca por um tratamento.
"Nas circunstâncias particulares deste surto e tendo em vista que certas condições sejam atendidas, o painel chegou ao consenso de que é ético oferecer intervenções que ainda não tenham provado sua eficiência e efeitos colaterais, como tratamento e prevenção em potencial", disse a agência em comunicado.
O painel disse que "análises e discussões mais detalhadas" são necessárias para decidir como chegar a uma distribuição justa em comunidades e entre os países, já que há um fornecimento extremamente limitado de drogas e vacinas experimentais.
Com informações da Associated Press e da Dow Jones Newswires.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)