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Para muitos, chegou a hora de um Papa do hemisfério sul

A decisão do Papa de renunciar por causa de sua idade terá "uma grande influência sobre a escolha de um novo Papa", considerou o vaticanista Marco Polit

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 15h24.

Vaticano - Passada a surpresa do anúncio da renúncia de Bento XVI, a pergunta é apenas uma: quem irá suceder o Papa alemão? Os cardeais terão uma escolha difícil, no momento em que a Igreja enfrenta desafios internos e mudanças rápidas no mundo: a eleição de um prelado do Hemisfério Sul não está excluída, seja um latino-americano, africano ou asiático.

A escolha de um Papa é difícil de se prever antecipadamente: ninguém previu a eleição de Karol Wojtyla em 1978, mas quanto ao seu sucessor, muitos apostaram em Joseph Ratzinger, que era o homem da Cúria mais conhecido.

De qualquer maneira, a decisão do Papa de renunciar por causa de sua idade terá "uma grande influência sobre a escolha de um novo Papa", considerou o vaticanista Marco Politi, lembrando que a Igreja "necessita" de dar lugar aos jovens. Um considerável número de cardeais jovens e promissores vêm do sul.

O "sagrado colégio", que escolherá um sucessor de Bento XVI, é composto por 118 cardeais eleitores (com menos de 80 anos), um pouco abaixo do limite definido de 120.

Uma maioria (67) foi nomeada nos últimos oito anos por Bento XVI, enquanto os outros 51 receberam a púrpura das mãos de João Paulo II: a maioria é considerada prelados conservadores, mas não só, como mostrou o último conclave de 2012. Bento XVI nomeou principalmente pessoas doutrinariamente confiáveis.

Dos 118 eleitores que representam cerca de 1,2 bilhão de católicos, 62 são da Europa, incluindo 28 italianos, 19 são originários da América do Sul, 14 da América do Norte, 11 da África e 11 da Ásia, um único da Oceania.


Vários candidatos ocidentais próximos ao Papa alemão, teólogos e intelectuais, têm alguma chance, de acordo com os conhecedores da Santa Sé, embora o mero fato de ser ocidental, europeu e ainda mais italiano, seja uma desvantagem aos olhos de alguns cardeais vindos do Hemisfério Sul, que prospera. Uma das críticas feitas a este pontificado é justamente de ser muito "eurocêntrico"

O cardeal canadense Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, o cardeal Angelo Scola, arcebispo de Milão e teólogo admirado pelo Papa, foram os mais citados recentemente no "totopapa", o jogo das previsões.

Mas, de acordo com alguns analistas, os dois intelectuais não têm carisma pastoral, enquanto a igreja precisa de alguém do estilo de João Paulo II, após o pontificado austero marcado pelo retorno às fontes da fé, que caracterizou o papado de Bento XVI.

As chances de um húngaro, Peter Erdo, e do austríaco amigo do Papa, Christoph Schönborn, diminuíram recentemente. Um americano tem sido citado: o cardeal Timothy Dolan, de Nova York, um dos "modernistas conservador" apreciados pelo Papa, conhecido por suas declarações afiadas. Ele teria a desvantagem de ser americano.

Quanto a um cardeal italiano, embora os italianos estejam super-representados no Colégio Sagrado, pode ser prejudicado pelo escândalo dos documentos vazados, o "Vatileaks" revelado em 2012, como resultado de disputas internas entre os italianos.

Entre os africanos, o cardeal ganês Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho "Justiça e Paz", e o cardeal nigeriano John Onaiyekan, que prega a convivência pacífica entre cristãos e muçulmanos, poderiam ser as opções. Os cardeais africanos são muitas vezes os mais conservadores em termos de doutrina.


Seria lógico que a América Latina, o continente de maior número de católicos, fosse reconhecida. Especialmente o Brasil, o primeiro país do mundo em número de seguidores, com o cardeal Claudio Hummes e o cardeal João Braz de Aviz, de mente aberta, simpático e que defende uma versão moderada da teologia da libertação, atualmente à frente da Congregação para os Religiosos. Mas os países como México, Colômbia e Argentina - com o cardeal Jorge Mario Bergoglio - também procuram introduzir um sucessor. Uma das opções é o cardeal de Honduras Oscar Rodriguez Maradiaga, presidente da Caritas Internationalis, favorecido por muitos progressistas, mas que provavelmente apresenta uma imagem muito à esquerda, enquanto o Episcopado Latino-americano foi renovado em um sentido conservador com marcada influência do Opus Dei.

Fora de todos os padrões predefinidos, o novo cardeal de Manila, Luis Antonio Tagle, 55 anos, quente, dinâmico, carismático, uma estrela em ascensão no firmamento da Igreja. Muito popular na Ásia, o filipino é moderno e muito ortodoxo quanto aos assuntos doutrinais.

De qualquer forma, o Colégio dos Cardeais formatado por João Paulo II e Bento XVI, certamente não irá eleger um revolucionário aventureiro, ou de um prelado que não tem uma formação dogmática profunda. Tudo se inclina para a escolha de um "modernista conservador", capaz de fazer reformas, mas mantendo o essencial.

Os apostadores, por sua vez, apostam em um africano -o nigeriano Francis Arinze ou o ganês Peter Turkson- ou no canadense Marc Ouellet. Mas os italianos Angelo Scola, e o secretário de Estado Bertone Tarcisione também foram mencionados.

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