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Para Fama, queda de 2013 tornou menores mais atrativas

Casa de gestão tem um fundo entre os com melhor resultado no ano passado e outro entre os de maior perda


	Operadores em escritório: explicação para o resultado de 2013 foi a influência do pessimismo com o mercado brasileiro, que prejudicou papéis de empresas de menor porte
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Operadores em escritório: explicação para o resultado de 2013 foi a influência do pessimismo com o mercado brasileiro, que prejudicou papéis de empresas de menor porte (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 16h39.

São Paulo - A mesma estratégia para selecionar ações trouxe ganhos e perdas para os investidores, como mostra o desempenho dos fundos de ações da Fama Investimentos.

Tradicional casa independente de gestão, a Fama tem um fundo entre os com melhor resultado no ano passado e outro entre os de maior perda, apesar de a estratégia ser a mesma: procurar boas empresas de menor porte que estão fora do radar dos grandes investidores e que têm bom potencial de alta, o chamado investimento de valor.

A explicação foi a influência do pessimismo com o mercado brasileiro, que prejudicou papéis de empresas de menor porte, muitas que não tinham nada a ver com a situação e que continuam com boas perspectivas para seus negócios, observa Marcus Peixoto, sócio da Fama.

“Por isso, buscamos clientes que entendam que é normal um fundo ter perdas, e que é essa a hora de aplicar mais se o fundamento das empresas não mudou”, explica.

Segundo Peixoto, a casa separa as aplicações em três fundos, de acordo com o porte da empresa e sua presença no mercado. Empresas muito pequenas ou com baixíssima liquidez, chamadas de “microcaps”, ficam no Fama Futurevalue.

No Futurewatch ficam as pequenas empresas que já tem alguma negociação em bolsa, mas pequena, as chamadas “small caps”. Já o FutureChallenge pega as empresas que estão se tornando médias e que já possuem maior liquidez, como Raia Drogasil, Cetip e Even.

A lógica de escolha das empresas, porém, é a mesma: buscar companhias com potencial de crescimento e retorno com preços mais baixos e acompanhar de perto seu desenvolvimento, em muitos casos até participando da administração.

“Fazemos uma análise fundamentalista bem detalhada, disciplinada”, diz. Apesar disso, nenhuma ação participa de mais de um fundo da Fama. “As carteiras são diferentes e por isso totalmente descorrelacionadas”, diz.


O que ocorre, explica Peixoto, é que quanto menos líquidas são as empresas, menos conhecidas e menos compradas pelos grandes investidores, menos suscetíveis elas são aos grandes movimentos do mercado em geral e das grandes empresas do Ibovespa. “Quando há um mau humor como ocorre hoje com o Brasil e com a bolsa brasileira, essas ações sofrem menos, pois seu desempenho é mais ligado ao fundamento da companhia”, explica.

Ele dá o exemplo do FutureValue, que subiu 14% no ano passado e acumula 16,19% em três anos. Na carteira do fundo estão empresas como a varejista gaúcha Graziotin, uma companhia pequena, com menos de R$ 300 milhões de valor de mercado e pouquíssimos negócios na Bovespa.

“É uma empresa que está crescendo devagar, com margem estável, mas nós que já investimos muito em varejo achamos que ela é a melhor do setor” diz. Outra aplicação do fundo é na Biomm, uma empresa desconhecida do grande público, mas que guarda um tesouro em termos de negócio: a patente para produzir insulina no Brasil.

“A Biomm é uma casca apenas, mas ela é dona da patente que era do laboratório Biobrás, que chegou a ser o quarto do mundo em produção de insulina depois de desenvolver um método de produção único no Brasil”, lembra.

A empresa foi comprada depois por um laboratório escandinavo concorrente que encerrou a produção de insulina no Brasil. Mas as autoridades brasileiras impediram a venda da patente. “Os donos do antigo Biobrás tiveram de assinar um termo de não competição por sete anos que está vencendo agora”, diz Peixoto.

Segundo ele, a empresa pretende agora montar uma fábrica de insulina e já conta com apoio do BNDES e de fundos de private equity. “Mas o papel ficou anos largado na bolsa”, afirma.

Esse tipo de empresa acabam ficando à margem do fluxo negativo ou positivo da bolsa, observa Peixoto. “Nos outros, com a piora de humor com relação ao Brasil, houve venda indiscriminada de papéis de empresas brasileiras, especialmente as ligadas ao mercado doméstico e ao consumo discricionário (aquele que não é o básico, como eletrodomésticos ou roupas)”. “O Brasil ficou fora de moda e todas as ações sofreram”, afirma.


Entre as vítimas do pessimismo geral, estão as redes de drogarias Raia Brasil e Brasil Farma, além da varejista de roupas Le Lis Blanc. “O mercado sofreu muito com a saída dos estrangeiros e o ceticismo do local”, diz. Com isso, o fundo Futurewatch, que tem empresas ligadas a consumo, sofreu e acabou o ano com perda de 16,3%. “Se o FutureValue depende mais dos casos específicos, o FutureWatch está mais exposto ao fluxo da bolsa”, explica Peixoto.

Uma das empresas que pesou na queda foi a Log-In Logística, que os gestores da Fama gostam muito, mas que sofreu com o anúncio da Vale, sua maior acionista, de que iria se desfazer dos papéis. A mineradora fez um processo de venda de negócios que não fazem parte de sua atividade principal e resolveu se desfazer da participação na Log-In.

“Esse anúncio pesou sobre as ações, que caíram de R$ 10 para R$ 9 e, depois, a Vale anunciou que venderia por R$ 8, o que derrubou ainda mais o preço”, afirma Peixoto. “Mas nossa visão é que a empresa ficou ainda mais barata e tem um potencial espetacular com a atuação em cabotagem e navegação costeira”, afirma.

A Fama era a segunda maior acionista da Log-In depois da Vale. “Há os problemas como demora dos estaleiros na entrega dos barcos, mas a empresa mudou de um ano e meio para cá, aumentou o Ebitda (geração de caixa livre), mas tinha uma espada sobre a cabeça que era a venda do maior acionista” diz.

Além de Log-In, o FutureWatch tem papéis da Porto Belo de materiais de construção, Brasil Farma, de varejo e setor de saúde. Há também papéis das construtoras Rodobens e JHSF, empresas boas que ficaram mais baratas. “Tem empresas sofrendo sem justificativa e essa queda abriu um espaço interessante, pois as ações ficaram baratas e são empresas boas”, diz.

Já no FutureChallenge, entram empresas maiores e mais líquidas como Raia Drogasil, Cetip e Even.

Peixoto explica que não há uma preferência por um setor ou outro, mas a seleção por empresa e por seu potencial de negócio. “Só não investimos em estatais e setores muito regulados, pelos riscos que não conseguimos avaliar.”

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