Republicano promete série de medidas que pode desregulamentar diversos setores da economia (AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 11h13.
A economia dos EUA ainda deve desacelerar para uma recessão no ano que vem — e a vitória eleitoral de Trump pode ter tornado a perspectiva ainda mais desafiadora, de acordo com o economista Steve Hanke.
O professor da Johns Hopkins, que alertou sobre uma desaceleração iminente por meses, disse que estava mantendo sua previsão de recessão para 2025 em uma entrevista à NYSE TV Live na semana passada. Isso se deve principalmente a uma tendência preocupante na oferta de dólar, disse ele, referindo-se ao volume total de dinheiro fluindo pelos mercados e pela economia
O M2, uma classe de oferta de moeda, encolheu de meados de 2022 a março de 2024, de acordo com dados do Federal Reserve. Essa é uma tendência rara que aconteceu apenas quatro vezes no último século e terminou em recessão em todas as instâncias, disse Hanke.
A oferta de moeda M2 começou a se expandir novamente este ano, aumentando 2,47% ano a ano no final de setembro. Mas essa taxa permanece bem abaixo do crescimento de 6% que Hanke acredita ser necessário para manter a inflação no centro da meta do Fed — um sinal, em sua opinião, de que a economia está crescendo muito lentamente.
"Minha opinião é que a economia continuará a desacelerar e provavelmente passará por uma recessão no ano que vem", disse Hanke, em fala reproduzida pelo Business Insider.
"O combustível para a economia, para simplificar, é a oferta de moeda. E o que está acontecendo na oferta de moeda? E se você tiver mudanças significativas nela, terá mudanças significativas no PIB nominal", acrescentou.
As políticas protecionistas anunciadas por Trump também impõem um "grande temor" para a economia, disse Hanke.
Economistas dizem que alguns aspectos da agenda de Trump, como seu plano de cobrar tarifas altas sobre as importações dos EUA, devem impulsionar o crescimento econômico, algo que desafiaria a perspectiva de recessão de Hanke. Além disso, as políticas são vistas por alguns como inflacionárias, o que complica a parte da deflação do argumento de Hanke.
Mas, se as tarifas aumentarem os custos para os consumidores, isso pode realmente sair pela culatra para a economia dos EUA, disse Hanke, já que preços mais altos podem levar os consumidores a comprar menos.