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Para cientista do Pnuma, Rio+20 não pode fracassar

Fatoumata participou da produção do relatório que levou três anos para ser concluído, contando com a colaboração de mais de 600 especialistas em todo o mundo

A funcionária do Pnuma lembrou que a degradação, que já é sentida entre os mais pobres do planeta (Valter Campanato/ABr)

A funcionária do Pnuma lembrou que a degradação, que já é sentida entre os mais pobres do planeta (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2012 às 18h40.

Rio de Janeiro – Não faltam pesquisas, tecnologia e ciência para reduzir e mitigar a escalada de devastação da natureza e a escassez dos recursos naturais, falta sim vontade política para adotá-las. O alerta foi feito hoje (6) pela chefe de Avaliação Científica do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Fatoumata Keita-Ouane, na apresentação do quinto relatório Panorama Ambiental Global (Geo-5), na capital fluminense.

“A Rio+20 não pode se dar ao luxo de fracassar. O fracasso significaria a não construção de um marco com metas alcançáveis para as próximas gerações. Estamos falando de urgências como a questão da mudança climática, da biodiversidade, que são inadiáveis. Precisamos correr contra o tempo, pois ele não está mais a nosso favor”, afirmou a cientista.

Fatoumata participou da produção do relatório que levou três anos para ser concluído, contando com a colaboração de mais de 600 especialistas em todo o mundo, e traz números nada otimistas sobre a saúde do planeta. O documento está disponível para baixar da internet.

“Precisamos de metas, de objetivos, prazos claros, que só podem ser alcançados com vontade política, e esperamos que essa vontade se traduza nas negociações que se iniciam nos próximos dias [na Rio+20] para tentar resolver esses problemas tão sérios, não apenas pelo bem do ambiente, mas pela subsistência dos seres humanos”.

A funcionária do Pnuma lembrou que a degradação, que já é sentida entre os mais pobres do planeta, tende a piorar nos próximos anos, sobretudo devido à degradação da fauna marinha. De acordo com ela, as taxas de destruição de recifes de corais e a baixa de estoques de peixes estão em níveis alarmantes.

Hoje, segundo o estudo do Pnuma, menos de 1,5% de toda a área marinha está protegido, apesar de a meta internacionalmente acordada nas Metas de Aichi para a Diversidade Biológica da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) ser de alcançar 10% de áreas costeiras e marinhas protegidas até 2020.

As mudanças climáticas, segundo Fatoumata, são o problema mais grave para as próximas gerações, e apesar das evidências de aumento da temperatura gradual, muito pouco tem sido feito para evitá-las. A previsão é de que, se forem mantidos os modelos atuais de desenvolvimento, as emissões de gases de efeito estufa podem dobrar nos próximos 50 anos e aumentar a temperatura global em 3 graus Celsius ou mais, até o final do século.

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