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Paquistão nega acesso de agências a local de terremoto

Segundo o governo, o país é autossuficiente e, portanto, não necessita de ajuda humanitária internacional

Sobreviventes de um terremoto no Paquistão ajudam a levar um homem ferido a hospital (REUTERS/Naseer Ahmed)

Sobreviventes de um terremoto no Paquistão ajudam a levar um homem ferido a hospital (REUTERS/Naseer Ahmed)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2013 às 06h42.

Islamabad - Duas semanas depois do terremoto que atingiu o sudoeste do Paquistão, as autoridades locais continuam ignorando os pedidos de acesso à zona, feitos por organizações humanitárias, segundo versões oficiais recolhidas nesta terça-feira pela Agência Efe.

"Somos autossuficientes, temos nossos próprios recursos e por isso não necessitamos da ajuda de agências e organizações internacionais", disse hoje o diretor do órgão oficial que coordena as operações de resgate, Abdul Basit.

O responsável da Autoridade Provincial de Gestão de Desastres de Baluchistão (PDMA) afirmou que, "segundo suas informações", ninguém das Nações Unidas visitou a enorme área que foi atingida há duas semanas pelo tremor de 7,7 graus de magnitude.

A versão de Basit, que afirmou que sequer estão recebendo pacotes de ajuda humanitária de organizações estrangeiras, contrasta com a oferecida pelas organizações internacionais.

"Algumas de nossas equipes estiveram lá para ajudar nas tarefas de avaliação. Nossas agências estão dando apoio às organizações locais e oferecendo alimentos de emergência e kits de saúde", disse à Efe um porta-voz da ONU, Daniel Tengo.

O porta-voz do órgão multilateral esclareceu que apenas pessoal local esteve na região do terremoto, nenhum estrangeiro.

"Continuamos tentando ter acesso, mas não há clareza na resposta das autoridades", disse à Efe a porta-voz dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Paquistão, Mónica Camacho.


"Há muita preocupação pela situação da população afetada", acrescentou Mónica, que detalhou que há uma grande necessidade de água potável, alimentos e agasalhos.

"Sabemos que o Exército tem grande capacidade de mobilização em trabalhos de resgate, mas existem áreas em que eles têm mais dificuldades de acesso por razões de segurança", defendeu a porta-voz da organização humanitária.

As autoridades locais alegam que com seus recursos, e especialmente com a contribuição dos militares, conseguiram ter acesso a maior parte da área atingida pelo tremor, que compreende dezenas de milhares de quilômetros quadrados.

No entanto, além dos problemas logísticos existem as complicações de segurança, pois o Baluchistão é a província mais violenta do país, onde operam grupos armados tanto jihadistas como nacionalistas, e ambos são contrários à presença do Exército.

Essas reservas se estendem à atividade das agências humanitárias.

Segundo um líder nacionalista citado hoje pelo jornal local "Dawn", existe um acordo tácito entre as autoridades e os insurgentes que defendem a separação do Baluchistão para evitar a presença de pessoal humanitário, especialmente estrangeiros.

De acordo com os dados oficiais, o terremoto provocou a morte de 376 pessoas, mas outras estimativas da imprensa e da população local elevam esse número para milhares.

O diretor da PDMA falou em "cerca de 30 mil famílias (aproximadamente 150 mil pessoas) afetadas", mas também há controvérsia nesses números. 

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