Mundo

Paquistão alerta os EUA que poderá deixar de ser seu aliado

Essa é uma resposta do país às acusações de que está envolvido nos recentes atentados contra interesses americanos no Afeganistão

Soldados norte-americanos na fronteira do Paquistão e o Afeganistão: as relações entre os dois países estão em seu pior momento, principalmente após a operação que matou Osama (John Moore/Getty Images)

Soldados norte-americanos na fronteira do Paquistão e o Afeganistão: as relações entre os dois países estão em seu pior momento, principalmente após a operação que matou Osama (John Moore/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2011 às 09h55.

Islamabad - As autoridades paquistanesas alertaram nesta sexta-feira aos Estados Unidos que poderão deixar de ser um aliado de Washington se persistirem as acusações de que Islamabad está envolvido nos recentes atentados contra interesses americanos no Afeganistão.

"Comunicamos a Washington que eles perderão um aliado. Eles não podem permitir um afastamento do Paquistão. Não podem permitir um afastamento do povo paquistanês", alertou a ministro das Relações Exteriores, Hina Rabbani Khar, em declarações ao canal Geo TV.

O militar americano de maior patente, o Mike Mullen, acusou na véspera o Paquistão de incentivar a violência no Afeganistão ao recorrer aos insurgentes da rede Haqqani "como instrumento político".

"O Paquistão exporta violência para o Afeganistão", afirmou.

"A rede Haqqani age como o verdadeiro braço direito do ISI paquistanês", o serviço secreto do Islamabad, afirmou o chefe do Estado-Maior diante dos senadores da Comissão de Defesa.

Após vários dias, os Estados Unidos tornaram pública a pressão sobre o Paquistão a fim de que o país pare de apoiar grupos talibãs, entre eles a rede Haqqani, com ameaças de tomar "medidas apropriadas".

Este grupo, que utiliza como retaguarda as regiões tribais do Waziristão, no noroeste do Paquistão, é acusado por Washington do ataque da semana passada contra o quartel general da Otan e a embaixada americana em Cabul e do atentado contra uma base da Otan que deixou mais de 100 feridos, incluindo 77 soldados americanos.

"Ao escolher o extremismo violento como instrumento político, o governo do Paquistão - e mais especificamente o Exército paquistanês e o ISI - compromete não só a possibilidade de ser nosso parceiro estratégico, mas também a oportunidade de ser uma nação respeitada com uma influência regional legítima", afirmou o almirante Mullen, que deve deixar suas funções no fim do mês.

Ao fazer um jogo duplo, o Paquistão acredita que pode manter um equilíbrio regional frente à Índia, mas isto é um erro, acrescentou.

"Por exportar a violência, o Paquistão fragiliza sua segurança interior e sua posição na região. Ele acaba com sua credibilidade internacional e ameaça seu bem-estar econômico", explicou.

Apesar dos bilhões de dólares de ajuda americana ao Paquistão, os Estados Unidos criticam desde 2001 Islamabad por não atuar com a determinação necessária contra os grupos terroristas e insurgentes em seu território.

As relações entre os dois países estão em seu pior momento, principalmente depois da operação americana realizada no início de maio no Paquistão para eliminar Osama Bin Laden.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEstados Unidos (EUA)GuerrasPaíses ricosPaquistãoTerrorismo

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde