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Paquistaneses que mataram a filha se dizem arrependidos

O casal matou a filha de 15 anos com ácido porque ela olhou para um menino


	Uma menina vítima de queimadura em um centro de reabilitação em Islamabad, no Paquistão: as chamadas punições de honra são comuns nas regiões mais conservadoras
 (Bay Ismoyo/AFP)

Uma menina vítima de queimadura em um centro de reabilitação em Islamabad, no Paquistão: as chamadas punições de honra são comuns nas regiões mais conservadoras (Bay Ismoyo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2012 às 10h33.

Khoi Ratta - O casal paquistanês que matou a filha adolescente usando ácido porque ela olhou para um menino afirmou nesta terça-feira que está arrependido e que só fez isso para proteger a honra da família.

Os dois jogaram ácido em sua filha, Anusha, de 15 anos, depois de vê-la olhando para meninos. A jovem morreu dois dias depois, sem receber tratamento, com 70% do corpo queimado, de acordo com os médicos.

As chamadas punições de honra são comuns nas regiões mais conservadoras do Paquistão. Ativistas de direitos humanos dizem que mais de 900 mulheres foram mortas no ano passado depois de serem acusadas de levar vergonha a sua família.

Os pais da menina foram presos. Falando à imprensa, a mãe, Zaheen Akhtar, 42 anos, disse temer pelo futuro de seus outros fihos.

"Eu lamento profundamente minha ação. Estou arrependida e não deveria ter feito isso. Ela era inocente. Eu me sinto matando todos meus filhos", declarou à AFP.

"Meus outros filhos, incluindo quatro meninas e dois meninos, todos com menos de 10 anos, estão sozinhos e não têm ninguém, a não ser Alá, para olhar por eles", acrescentou.

Akhtar disse ainda que ela e seu marido, Mohammad Zafar, temiam que Anusha seguisse os passos de sua irmã mais velha, que tinha má fama e cortou contato com a família depois de mudar de cidade com o marido.


O pintor de casas Zafar, 53 anos, disse que agora é assombrado pelas memórias do que fez.

"Estávamos muito preocupados com a reputação de nossa filha mais velha e temíamos que Anusha seguisse seus passos", explicou.

"A mãe de Anusha não devia ter feito isso. Não consigo dormir porque sempre que fecho os olhos, vejo a face queimada de Anusha", declarou ainda.

Os dois esperaram dois dias para levar Anusha ao hospital, mas Zafar insistiu que isso aconteceu porque eles não tinham dinheiro para o transporte.

As declarações desta terça-feira são bem diferentes das que a mãe de Anusha deu na véspera, falando à BBC, quando declarou que o destino de sua filha era morrer desse jeito.

Falando à BBC, o pai contou que eles haviam advertido Anusha muitas vezes de que não podia olhar para meninos. A mãe descreveu como sua filha tinha implorado por perdão.

"Ela disse: 'não fiz isso de propósito, não vou fazer de novo'", contou a mãe, que também feriu o próprio braço ao manipular o ácido contra a filha.

"Mas eu joguei o ácido. Era o destino dela morrer assim", completou.

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