George Papandreou, premiê grego, também nomeou novos titulares para os ministérios de Relações Exteriores e da Defesa (Janek Skarzynski/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2011 às 11h59.
Atenas - O primeiro-ministro grego Giorgos Papandreou nomeou nesta sexta-feira como ministro das Finanças um antigo rival político, em busca de consenso no Partido Socialista (PASOK) para aprovar os novos ajustes exigidos pela União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para salvar o país da falência.
Papandreou nomeou para o cargo Evangelos Venizelos, que até agora era ministro da Defesa. Venizelos substitui Giorgos Papaconstantinou - desgastado pelo plano de austeridade adotado para cumprir com as exigências da UE e do FMI.
Papaconstantinou, no entanto, permanece no governo, como ministro do Meio Ambiente.
Venizelos, 54 anos, que também ocupará um dos dois postos de vice-premier, havia desafiado em 2007 Papandreou na disputa pela liderança do PASOK.
Pouco depois do anúncio, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, defenderam uma solução rápida para a crise da dívida grega, na qual os credores privados podem participar voluntariamente.
"Precisamos de uma solução rápida", declarou Merkel em uma entrevista coletiva conjunta com Sarkozy em Berlim.
Mas os dois se recusaram a divulgar uma data.
"Queremos que o setor privado participe voluntariamente. Eu quero insistir nisto, não há nenhuma base legal para uma participação obrigatória", acrescentou.
A França e o Banco Central Europeu (BCE) insistem há semanas que a participação de credores privados - bancos, seguradoras e fundos de investimentos - deve ser voluntária para não assustar os mercados, ao contrário da Alemanha, que insistia na participação do setor privado no plano de resgate.
O novo homem forte do governo é um especialista em temas constitucionais, que esteve à frente da preparação dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004.
Mas sua nova missão terá pouco de espírito esportivo: o novo ministro terá que fazer o país aceitar a amarga fórmula de novos ajustes, em uma nação já abalada por mais de dois anos de recessão, cortes de salários e desemprego em alta.
O novo gabinete será submetido a um voto de confiança do Parlamento no domingo, mesmo dia de uma reunião de ministros das Finanças da Eurozona em Luxemburgo para tentar superar as divergências sobre o plano de ajuda à Grécia.
Os novos ajustes - de 28 bilhões de euros (40 bilhões de dólares) escalonados até 2015 - devem ser votados até o fim do mês. O programa inclui aumento de impostos e um grande plano de privatizações.
A medidas geram fortes resistências entre a população e as bases do PASOK.
A bancada parlamentar socialista tem uma maioria estreita de 155 deputados sobre 300. Na quinta-feira, dois deputados renunciaram a seus mandatos por não concordarem com as novas medidas, mas serão substituídos por correligionários.
O país se viu praticamente paralisado na quarta-feira por uma greve geral - a terceira do ano - e por manifestações convocadas pelos sindicatos e pelo movimento dos "Indignados".
Mas o prazo é cada vez mais curto: o governo grego advertiu que se veria impossibilitado de honrar os vencimentos de julho sem a liberação da parcela de 12 bilhões de euros por parte do FMI e da UE, como parte do empréstimo de € 110 bilhões acordado ano passado.
O primeiro plano de resgate da economia grega se revelou insuficiente.
Papandreou também nomeou nesta sexta-feira o novo ministro das Relações Exteriores: Stravos Lambrinidis, 49 anos, ex-líder da bancada socialista grega no Parlamento Europeu.
Outra personalidade próxima a Papandreou, Panos Beblitis, que era subsecretário da Defesa, assume como titular da pasta.