Papa: A JMJ foi criada por João Paulo II em 1986 (Max Rossi/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 11h25.
Última atualização em 23 de janeiro de 2019 às 11h29.
O Papa Francisco chega nesta quarta-feira ao Panamá, onde é aguardado por cerca de 200.000 jovens católicos de 155 países para uma nova edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá em meio à migração em massa em vários países latino-americanos.
Francisco, de 82 anos, chega ao aeroporto internacional de Tocumen às 16h30 local (19h30 de Brasília) depois de percorrer 9.500 quilômetros em 13 horas de voo.
Milhares de peregrinos, cobertos por bandeiras de seus respectivos países, invadiram a Cidade do Panamá. A multidão espera a chegada do pontífice, cantando, confraternizando-se e tirando selfies às margens do Oceano Pacífico.
A viagem papal coincide com a maior onda migratória registrada na América Latina, com hondurenhos, salvadorenhos e venezuelanos, atravessando fronteiras diariamente para fugir da violência e da fome causadas por governos, ou por gangues regionais.
"Eles se lançam a alcançar sua esperança em outros países, pois estão expostos ao narcotráfico, à escravidão, à deliquência e a tantos outros males", afirmou o arcebispo do Panamá, José Domingo Ulloa, em uma missa realizada na véspera da chegada do papa.
"Nossa juventude, especialmente na América Central, precisa de oportunidades", declarou o arcebispo.
Em uma mensagem por ocasião da proximidade do evento, Francisco afirmou que os jovens, tanto os que creem quanto os que não creem, têm uma "força que pode mudar o mundo".
Na sexta-feira passada, em uma mensagem de vídeo para a Jornada Mundial da Juventude Indígena, que ocorrerá em Soloy, no Panamá, o sumo pontífice pediu que mantenham suas culturas e raízes, lutando contra a marginalização, a exclusão, o desperdício e o empobrecimento.
O papa falará de temas da região, como pobreza, corrupção e imigração, fazendo um parêntese na enxurrada de escândalos de abusos sexuais que atingem a Igreja católica.
Na quarta, antes de viajar, o papa se reuniu com oito jovens refugiados, informou o Vaticano.
Em meio a controvérsias, o pontífice é ansiosamente esperado por 200.000 jovens de 150 países no chamado "Woodstock dos católicos".
Muitos vão recebê-lo em um percurso de 29 quilômetros entre o aeroporto e a nunciatura apostólica, onde se hospedará.
"Ele se comunica conosco, os jovens, nos incentivando a sermos melhores", afirma James Murphy, de 23 anos, que viajou da ilha polinésia de Tonga até o Panamá para ver Francisco.
O papa permanece no país até domingo. Nesse período, visitará um centro de detenção juvenil, onde oficiará uma missa, e programou um encontro com pacientes com aids em um centro de assistência para jovens.
Também vai-se reunir com 70 bispos da América Central e, na quinta-feira, com autoridades do governo panamenho. À tarde, falará para uma multidão em Cinta Costera.
Uma Via-Crúcis está prevista para sexta-feira, e uma vigília ao ar livre, para o sábado, no Campo João Paulo II.
Ao menos sete presidentes comparecerão no domingo à última missa do papa na JMJ: Jimmy Morales (Guatemala), Juan Orlando Hernández (Honduras), Salvador Sánchez Cerén (El Salvador), Carlos Alvarado (Costa Rica), Iván Duque (Colômbia) e Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), além do anfitrião Juan Carlos Varela.
A JMJ foi criada por João Paulo II em 1986.
A grande festa da juventude católica latino-americana custará 54 milhões de dóalres, em parte doados por patrocinadores e fiéis. O governo assegura que o evento terá um impacto indireto de 388 milhões de dólares na economia local.
Esta é a primeira vez que Francisco visita o Panamá como papa e a 26ª viagem de seu pontificado.
Também será a terceira JMJ de Francisco, que presidiu uma em 2013, logo após ser escolhido papa, no Rio de Janeiro, e outra em Cracóvia, na Polônia, em 2016.