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Papa tem carta de renúncia assinada há mais de 10 anos

Existência de documento vem à tona em momento que saúde do pontífice gera especulações sobre eventual renúncia e consequente processo de sucessão

Agência o Globo
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Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 09h19.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2025 às 09h58.

O Papa Francisco assinou, há mais de dez anos, uma carta na qual deixa em aberta a possibilidade de uma renúncia caso sua condição de saúde o impeça de exercer suas atividades. A confirmação da existência do documento foi feita por Francisco em dezembro de 2022 ao jornal espanhol ABC, quando ele disse que assinou a carta de renúncia e a entregou ao secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone.

"Assinei a renúncia e disse a ele: 'Em caso de impedimento médico ou algo assim, aqui está minha renúncia. Você a tem'", disse o papa na ocasião. Questionado, á época, se ele queria que esse fato fosse conhecido, Francisco respondeu: "É por isso que estou lhe contando". Ele acrescentou que não sabia o que Bertone fez posteriormente com a carta.

A informação volta à imprensa em um momento em que o pontífice está internado no Hospital Gemelli, em Roma, desde última sexta-feira, 14, devido a uma bronquite. Na terça-feira, 18, com foi confirmando o diagnóstico de pneumonia bilateral.

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Fontes do Vaticano afirmaram que, apesar da doença, o Papa se mantém informado e tenta trabalhar, lendo e assinando documentos, escrevendo e conversando com seus colaboradores. Na quarta-feira, a Santa Sé explicou que os exames de sangue "mostram uma leve melhora", em particular os indicadores" de inflamação.

O anúncio de que Francisco está com pneumonia — uma infecção do tecido pulmonar, potencialmente fatal — aumentou a preocupação com a saúde do líder da Igreja Católica. O diagnóstico é complexo porque ele teve parte do pulmão direito removido na juventude. A inquietação sobre a saúde do papa aumentou após a propagação de notícias falsas nas redes sociais, em particular no X, que relatavam a morte de Francisco em vários idiomas.

Colaboradores mais próximos do Pontífice e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o visitaram na quarta-feira. Segundo a chefe de governo da Itália, que passou 20 minutos com ele, o Papa estava "alerta e receptivo". Meloni afirmou que "brincou" com ele.

"Não perdeu o seu senso de humor característico", declarou a governante.

Situação difícil

Uma fonte do Vaticano afirmou na quarta-feira que o Papa conseguia levantar e sentar em uma poltrona, além de respirar sem a assistência de aparelhos. Os médicos não descartam, porém, que ele precise de auxílio em algum momento.

A Santa Sé cancelou os compromissos do Pontífice previstos para esta semana, incluindo uma audiência no sábado e a missa de domingo na basílica de São Pedro. Mas ainda não foi anunciado se ele pronunciará o Angelus ao meio-dia, após a missa de domingo, que será celebrada por um cardeal.

"Ainda não sabemos como será feito", declarou o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.

Para o papa, esta doença representa "uma situação difícil, indubitavelmente", comentou à AFP Andrea Ungar, professor de Geriatria na Universidade de Florença.

"[A infecção] passou de um pulmão para o outro pelos brônquios (...) e pode causar uma insuficiência respiratória", explicou o médico, que ressaltou a importância de que o Pontífice permaneça "ativo".

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