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Papa substitui cardeal à frente de autoridade financeira

Vaticano afirmou que o papa aceitou a demissão do cardeal Atillio Nicora como presidente da Autoridade de Informação Financeira do Vaticano (AIF

Grafite do papa Francisco vestido de super-homem feito no centro de Roma, próximo do Vaticano (Alessandro Bianchi/Reuters)

Grafite do papa Francisco vestido de super-homem feito no centro de Roma, próximo do Vaticano (Alessandro Bianchi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 15h40.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco substituiu nesta quinta-feira um cardeal que desempenhou um papel central nas finanças do Vaticano durante mais de uma década, seu gesto mais recente para reformar o organismo financeiro associado a seu antecessor.

O Vaticano afirmou que o papa aceitou a demissão do cardeal Atillio Nicora como presidente da Autoridade de Informação Financeira do Vaticano (AIF), seu organismo regulatório interno.

Nicora, de 76 anos, exercia funções de alto nível nas finanças do Vaticano desde 2002. Ele foi substituído pelo bispo Giorgio Corbellini, de 66 anos, que tem um histórico de reformas dentro da burocracia do Vaticano.

A mudança, que se segue à troca de quatro cardeais ligados ao banco do Vaticano em 15 de janeiro - incluindo o brasileiro dom Odilo Scherer - acontece no momento em que Francisco se aproxima do primeiro aniversário de um pontificado marcado pela austeridade e sobriedade.

Com o gesto desta quinta-feira, o papa rompeu quase totalmente com a estrutura financeira que herdou de Bento 16, que se aposentou no ano passado.

Entre 2002 e 2011, Nicora serviu como chefe da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa), que cuida dos investimentos imobiliários da cidade-Estado e dos portfólios financeiros e de ações e ainda atua como departamento de compras e de recursos humanos.

Entre 2007 e 2013, ele também integrou uma comissão de cardeais que supervisionou o problemático Banco do Vaticano, que atualmente passa por um processo de reforma para adaptá-lo aos padrões internacionais de transparência e contra a lavagem de dinheiro.


Um relatório de 2012 da Moneyval, um comitê de monitoramento do Conselho da Europa, expressou preocupação de que havia pessoas com cargos tanto na AIF, cujo mandato inclui a regulação do banco, quanto no próprio banco.

Velha Guarda

Nicora deixou o posto de supervisor do banco no ano passado, mas manteve seu cargo na AIF até quinta-feira.

A AIF terá um papel vital na reorganização das finanças do Vaticano nos próximos meses, quando as reformas de Francisco devem se intensificar. A Autoridade de Informação conduzirá uma investigação dentro do banco em breve a pedido da Moneyval.

Uma fonte do Vaticano disse que teria sido constrangedor para Nicora ter qualquer papel na investigação dos departamentos nos quais outrora teve cargos altos.

Ele disse que Nicora era parte da velha guarda, que teve que ser posta de lado por causa de sua associação passada tanto com o banco quanto com a Apsa durante um dos períodos mais turbulentos para as finanças do Vaticano.

Nicora estava no comitê supervisor de cardeais do banco, oficialmente conhecido como Instituto para as Obras de Religião (IOR) em 2012, quando o então presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi, foi demitido pelo conselho não-clerical do banco.

O conselho disse que ele era um mau gerente, mas Gotti Tedeschi afirmou ter sido demitido por querer que o banco fosse mais transparente.

A Apsa, outro departamento que Nicora encabeçou durante anos, está sendo investigado pelo Promontory Financial Group, uma empresa independente.

O monsenhor Nunzio Scarano, um prelado que trabalhou na Apsa durante 22 anos como contador e está preso sob acusações de contrabando e lavagem de dinheiro, disse a magistrados italianos que a Apsa operava como um banco paralelo.

Scarano disse que pessoas de fora podiam ter conta na Apsa, embora seja contra seu regulamento.

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